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Portugal perde atractividade no investimento estrangeiro para países do Leste

Relatório da AT Kearney sobre intenções de investimento estrangeiro revela ascensão da Europa no «ranking». Países de Leste estão mais atractivos, Itália e Espanha também. Portugal cai.

24 de Outubro de 2002 às 13:42
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Portugal está a perder atractividade como destino para investimento estrangeiro e não consta na lista de preferências dos grandes investidores mundiais, onde figuram Espanha ou Itália. Mas a ameaça vem de Leste, para onde as maiores companhias estão a olhar com interesse: República Checa, Polónia, Hungria e Rússia estão em ascensão.

Estas tendências são diagnosticadas pelo «FDI Confidence Index», relatório anual da AT Kearney, a que o Negocios.pt teve acesso, que resume as preferências para investimento directo estrangeiro (IDE) em todo o mundo. O relatório diz que a confiança dos investidores em Portugal «reduziu-se consideravelmente».

O «ranking» dos 25 países mais atractivos tem como líder a China, que destronou os Estados Unidos da liderança pela primeira vez nos cinco anos com que conta este estudo. A Europa sobe no «ranking» e representa quase metade dos 25 destinos preferidos. Os sentimentos dos investidores face à Europa mantiveram-se inalterados desde o ano passado o que «é notável» tendo em conta « o contexto global», diz a AT Kearney.


Aspirantes competitivos


O alargamento da União Europeia a Leste expõe as fragilidades de Portugal como potencial receptor de IDE. «Aspirantes» à adesão, Polónia, República Checa e Hungria ascenderam no «ranking», beneficiando das expectativas de abertura dos mercados, políticas de privatização e baixos custos de mão-de-obra, numa região que vem registando crescimento económico acima da média. As reformas empreendidas agradam aos investidores estrangeiros, bem como «o rigoroso desenvolvimento dos sectores industriais exportadores», dizem os consultores da AT Kearney.

Mas a mudança mais favorável vem da Rússia, que saltou do 25º para o 17º lugar. O país reduziu a dívida pública de 90% (em 1998) para 50% (em 2001) do PIB recebe melhorias nas notações de «rating». Por outro lado, as reformas do presidente Putín e a abertura nas relações com o Ocidente atraem os investidores. A economia russa é hoje «carimbada» pelos EUA e pela UE como uma economia de mercado.


O factor mercado de trabalho


Ao contrário de Portugal, Reino Unido, Alemanha França, Itália e Espanha consolidaram as suas posições no «ranking» da AT Kearney. A crescente competitividade europeia provém de reformas de combate às desvantagens que o continente ainda tem face aos EUA no que toca flexibilidade dos mercados de trabalho, aos seus custos e aos fundos de desemprego. Por outro lado, o desafio está nas políticas monetária e fiscal da UE, dependendo a competitiviade da Europa da gestão das prioridades domésticas de forma a garantir disciplina fiscal na região.


IDE em queda


Mais de metade dos decisores das maiores companhias do mundo têm perspectivas negativas para a evolução da economia. Os executivos europeus são os mais pessimistas, com destaque para os alemães e italianos; os asiáticos são os mais optimistas.

O IDE está em queda e regressa aos valores de 1998. O número de investimentos planeados caiu e o de desinvestimentos aumentou. A recuperação económica dos Estados Unidos é a principal preocupação dos executivos, que pode estimular ou travar decisões de investimento. Já a estratégia das empresas pode ser afectada por diversos factores, à cabeça dos quais está o aumento das preocupações sobre «corporate governance», na ordem do dia depois das fraudes contabilísticas desvendadas.

Também o aumento dos custos com segurança e as ameaças de terrorismo «complicaram o ambiente dos negócios». Por outro lado, o futuro da globalização mantém-se incerto o que leva os gestores a expressar preocupação quanto à expansão do comércio internacional e quanto ao crescimento de sentimentos públicos adversos às grandes corporações.


Fusões e aquisições baixam


Pela primeira vez em três anos, as fusões e aquisições deixam de ser a forma preferida para entrar em novos mercados. «Depois do extraordinário ‘boom’ do final dos anos 90, a era dos ‘meganegócios’ parece ter acabado – ou pelo menos ter suspendido», diz o documento. Na Europa, as fusões e aquisições estão afocar-se menos nas telecomunicações e na banca e mais nas «utilities», como energia.


América do Norte


Os Estados Unidos perderam a liderança das preferências de investimento pela primeira vez nos cinco anos do estudo da AT Kearney. Os investidores detectam «alta volatilidade» neste mercado, motivada pela lenta recuperação económica do país, incerteza nos mercados de capitais, escândalos empresariais e crescente preocupação em aspectos de segurança nacional. Inversamente, o Canadá ascende ao grupo dos «dez mais», numa lenta mas sustentada ascenção desde a 17ª posição em 1998. Já a atractividade do México caiu também pela primeira vez, pela correlação que tem com os países vizinhos, nomeadamente com os EUA.


América Latina


É das regiões com maiores quedas nas intenções de investimento, com menos 40% no índice de intenções. A América Latina passa mesmo a ser a região menos atractiva depois de África e do Médio Oriente. As repercussões da crise na Argentina deixam o Brasil como único representante no «top-25», mas 10 lugares abaixo do ano passado. As reformas políticas e económicas tardam em impôr-se e as intenções de desinvestimento no Brasil avolumam-se, sendo a sucessão de Fernando Henrique Cardoso por Inácio Lula da Silva na presidência factor de apreensão.


Ásia


As perspectivas para a Ásia são mistas: China e Japão melhoram mas há maior apreensão quanto aos demais países. A China lidera o «ranking», mercê da estabilidade política, crescimento económico robusto, de uma proposta ganhadora para as Olimpíadas de 2008 e pela entrada na Organização Mundial do Comércio (que também beneficia Hong Kong). No Japão, as oportunidades provêm das reformas para a reconstrução do sector financeiro e para a regulação na distribuição e telecomunicações. A Austrália (incluída pela AT Kearney nesta região) regressa ao «top-10», de onde a Índia sai. Coreia do Sul recolhe hesitações e Singapura é a preferida, na Ásia, para as sedes das multinacionais.


África e Médio Oriente


Esta é a região do globo menos atractiva para o investimento estrangeiro, sem representantes entre os 25 melhores. A Turquia continua a ser o país mais preferido na região, beneficiando das expectativas de reformas estruturais mas tendo contra si a turbulência económica provocada pela desvalorização cambial e instabilidade política. Em contrapartida, África do Sul está em declínio mas mantém-se como o país africano mais apetecível, apesar da oposição a políticas de privatização, elevada criminalidade e rigidez do mercado de trabalho.

Por Pedro S. Guerreiro e Tânia Ferreira

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Razões de decisão de investimento

Recuperação da economia norte-americana (91%)

Iniciativas de comércio regional ou global (61%)

Aprofundamento da recessão no Japão (45%)

Conflito no Médio-Oriente (29%)

Volatilidade dos preços de energia (27%)

Impacto regional da crise na Argentina (23%)

Fonte: AT Kearney

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«Ranking»: países com maior atractividade de IDE

País

Set. 2002

Fev. 2001

China

1

2

EUA

2

1

Reino Unido

3

4

Alemanha

4

6

França

5

10

Itália

6

8

Espanha

7

9

Canadá

8

12

México

9

5

Austrália

10

15

Polónia

11

11

Japão

12

20

Brasil

13

3

Rep. Checa

14

16

Índia

15

7

Hungria

16

21

Rússia

17

-

Hong Kong

18

25

Holanda

19

18

Tailândia

20

14

Coreia do Sul

21

17

Singapura

22

13

Bélgica

23

-

Taiwan

24

19

Áustria

25

-

Fonte: AT Kearney

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Países europeus mais competitivos para negócios internacionais nos próximos três anos

Reino Unido

60%

Alemanha

44%

Espanha

34%

França

30%

Holanda

21%

Irlanda

20%

Itália

15%

Polónia

13%

Rep. Checa

8%

Finlândia

8%

Fonte: AT Kearney

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