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Porque é que Soros doou mais de metade da fortuna para caridade?
O investidor doou esta semana 18 mil milhões de dólares para a fundação que preside. Mas porque o fez?
George Soros doou esta semana mais 18 mil milhões de dólares (15,2 mil milhões de euros à cotação actual) para a Open Society Foundation, instituição de caridade de que é presidente, tornando-se assim no segundo maior filantropo dos Estados Unidos, logo a seguir ao fundador da Microsoft, Bill Gates.
Não é a primeira vez que acontece. Aliás, o investidor transferiu nos últimos anos mais de metade da sua fortuna para a sua instituição de caridade que tem como missão promover a democracia e direitos humanos em mais de 100 países. Mas será ‘apenas’ altruísmo?
A Bloomberg escreve que uma das razões para esta generosa doação é "minimizar as facturas de impostos que os gestores de hedge funds enfrentam este ano".
"Os investidores têm até o final do ano para pagar impostos e taxas sobre os rendimentos que obtiveram através de investimentos em fundos offshore e sobre os quais tiveram pagamentos diferidos. Muitos estão agora a fazer doações de caridade - inclusive para suas próprias fundações - para ajudar a compensar os impostos que tem que pagar", explica a mesma fonte.
George Soros sempre defendeu que os ricos devem pagar mais impostos, mas uma das suas estratégias é adiá-los. O bilionário, de 84 anos, usou uma lacuna na lei que lhe permitiu diferir os impostos nas taxas pagas pelos clientes e reinvesti-los no seu fundo, continuando a crescer sem pagar impostos. De acordo com a Bloomberg, no final de 2013 o George Soros arrecadou através do seu fundo - Soros Fund Management - 13,3 mil milhões de solares através do uso de diferimentos.
A lei define agora que os gestores de hedge funds têm até 31 de Dezembro de 2017 para trazer o dinheiro para ‘casa’ e pagar os impostos acumulados.
A porta-voz de George Soros prefere falar apenas na caridade, e afirmou ontem, quarta-feira dia 18 Outubro, que o valor doado "reflecte um processo contínuo de transferência de activos em andamento já há vários anos". Em declarações à AFP voz Laura Silber revelou ainda que Soros "tem planos para deixar a maior parte da sua fortuna à Open Society Foundations".
A Open Society tem como objectivo primordial promover a construção de "democracias vibrantes e tolerantes" e, desde a sua fundação, em 1979, distribuiu cerca de 14 mil milhões de dólares (11,8 mil milhões de euros).
A instituição agrega uma rede de fundações com filiais em 37 países e que trabalha em mais de 100 países já recebeu mais de 20 mil milhões de dólares (29 mil milhões de euros) de financiamento de filantropos, e é a segunda mais rica dos EUA a seguir à Fundação Bill & Melinda Gates (40 mil milhões de dólares ou 34 mil milhões de euros).
Em 2014, a Open Society Foundation financiou centros de tratamento durante o surto do Ébola em África e actualmente tem vindo a ajudar os norte-americanos que são alvo da onda nacional de ódio que se intensificou após a tomada de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
George Soros é um conhecido filantropo desde os anos 1970, época em que financiou bolsas escolares a sul africanos vítimas do Apartheid. Na década seguinte ajudou a promover a queda do muro de Berlim e financiou intercâmbios culturais entre a Europa de Leste e Ocidental, contribuindo para a abertura da ex-URSS.
No início deste século, criticou as guerras contra a droga e apoiou o movimento de legalização da marijuana como droga medicinal e o casamento de pessoas do mesmo sexo.
Mais recentemente, através da Open Society, George Soros financiou o movimento independentista da Catalunha.
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