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Podem os fundos compensar as vendas dos accionistas do BES?

Os direitos do aumento de capital tiveram uma estreia surpreendente. Em vez de caírem, valorizaram quase 30%. Mas, dizem os analistas, a pressão vem agora com o anúncio da venda de mil milhões de títulos dos grandes accionistas.

Miguel Baltazar/Negócios
27 de Maio de 2014 às 23:16
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Contra a expectativa dos analistas, os direitos do aumento de capital dispararam na estreia em bolsa. Registaram uma valorização de quase 30%, catapultando as acções do banco liderado por Ricardo Salgado. O apetite dos fundos ajudou a puxar pelos títulos, mas será suficiente para acomodar os quase mil milhões de direitos que ESFG e Crédit Agricole se preparam para colocar no mercado? A pressão começa a sentir-se agora, dizem os especialistas contactados pelo Negócios.

Destacados os direitos das acções, no final da semana passada, os títulos que permitem comprar as novas acções do BES completaram a primeira sessão em bolsa com uma subida expressiva. Valorizaram-se em 28,29%, para 11,7 cêntimos, levando as acções do banco até aos 94,3 cêntimos. Num dia em que trocaram de mãos pouco mais de 111 milhões de direitos (num total de mais de quatro mil milhões de títulos), a esperada pressão vendedora dos grandes accionistas não se fez sentir.

"Investidores institucionais, como os fundos de investimento, estiveram a impulsionar a cotação dos direitos, compensando o menor interesse dos pequenos investidores, que foram surpreendidos negativamente por este aumento de capital", nota Steven Santos, gestor da XTB. Além disso, "tivemos o comunicado da ESFG referindo que pretende deter uma participação de 25% no BES", acrescenta Albino Oliveira. Ou seja, mantendo uma posição superior ao antecipado.

"A pressão é agora", acrescentou o analista da Fincor depois de o BES ter revelado, em comunicado enviado à CMVM, que o "Crédit Agricole e a Espírito Santo Financial Group realizam uma colocação de um máximo de cerca de 999,6 milhões de direitos de exclusivamente a investidores qualificados". Os dois maiores accionistas do banco admitem vender, em conjunto, um quarto do total de direitos que permitem comprar acções do aumento de capital de 1.045 milhões de euros do BES.

"O mercado vai reagir negativamente" na sessão desta quarta-feira à colocação no mercado de quase mil milhões de direitos, nota Albino Oliveira. "A colocação de direitos junto de investidores institucionais deverá pressionar a acção do BES", remata Steven Santos. Entre esses investidores estarão aqueles que o banco está a contactar no "roadshow" em 14 praças financeiras (a decorrer até ao próximo dia 4 de Junho), "com o foco apontado a 200 investidores institucionais, incluindo os maiores fundos de investimento", disse o BES.

Nesta operação de charme, que estará a ser bem acolhida pelos investidores, o banco irá passar por Londres, Dublin, Paris, Madrid, Munique, Amesterdão, Bruxelas, Frankfurt, Bruxelas, Milão, além de outros mercados. Ricardo Salgado, o presidente executivo do banco, lidera a comitiva. Faz-se acompanhar por Amílcar Morais Pires, administrador financeiro, e também por Joaquim Goes, administrador do banco.

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