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Larry Fink: Colapso do SVB vai levar a maior atratividade do mercado de capitais

"A longo prazo, a atual crise na banca vai conferir mais importância ao mercado de capitais". Esta é uma das mensagens de Larry Fink, CEO e um dos fundadores da BlackRock, numa carta aos investidores.

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Reuters
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"A música tem um grande papel na minha vida". É assim que começa a carta de Larry Fink, CEO da BlackRock, aos investidores, que é igualmente partilhada com todos os "stakeholders", já que "as questões com as quais se deparam são basicamente as mesmas". A alusão à música serve para ilustrar os avanços tecnológicos, que contribuem para o mote da carta: "fazer com que investir seja mais acessível, económico e transparente para mais gente".

Mas se o ano passado foi difícil para os mercados, em 2023 também preveem dificuldades: "2022 foi dos anos com um contexto de mercado mais desafiante da história – um ano em que tanto o mercado acionista como obrigacionista registaram perdas pela primeira vez em décadas. E os desafios vão continuar para 2023", garante.

Segundo o CEO da gestora de ativos, em 2023 poderem assistir a um efeito dominó no setor bancário. A subida das taxas de juro em quase 500 pontos base por parte da Reserva Federal norte-americana no ano passado é "um preço que estamos a pagar pelos anos de dinheiro fácil – e esta foi a primeira peça do dominó a cair".

O colapso do Silicon Valley Bank, o maior banco a falir em mais de 15 anos nos EUA, é um exemplo concreto do desequilíbrio entre ativos e passivos, sublinha. "A atuação das autoridades foi rápida, mas os mercados continuam apreensivos. Será esse desequilíbrio a segunda peça do dominó a cair?", questiona-se.

Ainda assim, para o CEO da BlackRock, neste desequilíbrio reside uma oportunidade. "À medida que os bancos se forem tornando potencialmente mais contidos nos empréstimos, ou à medida que os clientes se forem apercebendo destes desajustamentos entre ativos e passivos, prevejo que [os bancos] recorram em maior número ao mercado de capitais para financiamento", explica.

E poderá haver uma terceira peça do dominó a cair. Vários anos de taxas de juro mais baixas "levaram alguns detentores de ativos a aumentarem as suas aplicações em investimentos ilíquidos - trocando uma menor liquidez por maiores retornos. Existe agora o risco de um desequilíbrio da liquidez", especialmente para investidores com "portfólios alavancados".

Larry Fink argumenta também que "após anos de um crescimento global a ser conduzido por elevados gastos governamentais e taxas de juro em mínimos históricos, o mundo agora precisa que o setor privado ajude ao crescimento da economia".

Relativamente à "fragmentação da economia", o responsável da BlackRock alerta para a mudança das cadeias de fornecimento para ambientes "mais seguros e resilientes" - uma cautela desencadeada pela guerra da Ucrânia - e também para os problemas com o fornecimento de cereais, cujos "efeitos são altamente inflacionistas".

"Este ’trade-off’ entre preço e segurança é uma das razões pelas quais acredito que a inflação vai persistir e que vai ser mais difícil para os bancos centrais controlarem [a inflação] no longo prazo. Como resultado, acredito que a inflação se mantenha mais perto dos 3,5% ou 4% nos próximos anos", estima.

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