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Lagarde vê "maior enfraquecimento" da economia. Redução da dívida discutida só em dezembro
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) apontou a crise energética como um fator que está a pesar na economia europeia. Mas a principal preocupação é a inflação, razão pela qual continuará a subir juros.
"É provável que a atividade económica na Zona Euro tenha desacelerado significativamente no terceiro trimestre do ano e esperamos um maior enfraquecimento no resto do ano e início do próximo", afirmou a presidente do BCE, Christine Lagarde, na conferência de imprensa que se seguiu ao conselho desta quinta-feira, apontando um contexto de persistente incerteza geopolítica, especialmente devido à guerra na Ucrânia.
Para travar a escalada, o BCE já subiu as taxas de juro três vezes desde julho, incluindo esta quinta-feira em 75 pontos base. Com efeitos a partir de 2 de novembro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento avança para 2%, enquanto a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumenta para 2,25% e a dos depósitos para 1,5%.
"Subimos as três taxas de juro do BCE em 75 pontos base e esperamos continuar a subir ainda mais para assegurar o regresso atempado da inflação à meta de médio prazo. Com a terceira grande subida consecutiva, fizemos grandes progressos na retirada da política monetária acomodatícia", acrescentou.
Empréstimos baratos eram entrave
Os juros são apenas uma parte da estratégia para travar a inflação. O conselho do BCE vai igualmente alterar os termos e as condições da terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (TLTRO III) com um ajustamento das taxas de juro aplicáveis a partir de 23 de novembro e abertura de datas adicionais para os bancos fazerem reembolsos antecipados voluntários.
"Eram um obstáculo" à transmissão da política monetária, justificou Lagarde. Por último, no sentido de alinhar mais estreitamente a remuneração das reservas mínimas obrigatórias detidas pelas instituições de crédito junto do Eurosistema com as condições no mercado monetário, o conselho decidiu ainda que as reservas mínimas serão remuneradas à taxa de juro da facilidade permanente de depósito do BCE.
Questionada sobre o próximo passo - reduzir a dívida que tem balanço, num processo conhecido como "quantitative tightening" (QT) - Lagarde sinalizou que já foi um tema abordado pelos governadores, mas não neste encontro. "Iremos continuar essa discussão e decidir os pontos principais em dezembro", anunciou a francesa.
No final de setembro, eram detidos 4,937 triliões de euros em ativos financeiros como resultado dos vários programas de aquisições e o mercado já começava a antecipar que o BCE avançasse com um gradual alívio. Como já não está a realizar compras líquidas de ativos, estando apenas a reinvestir os montantes dos títulos que atingem as maturidades, a escolha poderá incidir em suspender os reinvestimentos.
Enquanto o BCE avança com uma série de medidas ao nível da política monetária, Christine Lagarde pede aos governos que respondam com políticas orçamentais correspondentes. "Para limitar o risco de alimentar a inflação, as medidas de apoio orçamental para escudar a economia do impacto dos altos preços da energia devem ser temporárias e direcionadas aos mais vulneráveis", defendeu.
(Notícia atualizada às 15:15)