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JPMorgan prevê próxima crise financeira em 2020

Quão grave será a próxima crise? O JPMorgan já tem uma ideia.

16 de Setembro de 2018 às 17:15
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Uma década após o colapso do Lehman Brothers ter gerado uma forte queda nos mercados e a adopção de uma série de medidas de emergência, os especialistas do JPMorgan criaram um modelo com o objectivo de aferir o timing e a severidade da próxima crise financeira.

Este concluiu que os investidores devem apontar para 2020.


A boa notícia é que a próxima crise vai provavelmente ser menos dolorosa do que a última. As más notícias? A redução da liquidez nos mercados financeiros desde a implosão de 2008 é um "wildcard" difícil de ser eliminado.   


O modelo do JPMorgan calcula os seus resultados tendo por base a duração da expansão económica, a duração potencial da próxima recessão, o grau de alavancagem, a avaliação do preço dos activos e o nível de desregulação e inovação financeira antes da crise. Assumindo uma recessão de duração média, o modelo apresenta as seguintes estimativas nas diferentes classes de activos:

- Desvalorização de cerca de 20% das acções dos EUA

- Subida de cerca de 1,15 pontos percentuais no prémio de risco das "yields" das obrigações de empresas norte-americanas

- Queda de 35% nos preços da energia e descida de 29% nas cotações dos metais de base

- Aumento de 2,79 pontos percentuais no spread dos juros da dívida pública dos países emergentes

- Queda de 48% nas bolsas dos mercados emergentes e uma descida de 14,4% nas moedas das economias emergentes

 

"Estas projecções parecem relativamente ténues face às que assistimos na grande crise financeira e provavelmente sem gerar apreensão tendo em conta a média das crises/recessões" do passado, referem os analistas John Normand e Federico Manicardi numa nota de research, assinalando que durante a crise financeira global o S&P500 caiu 54% face ao máximo.


Marko Kolanovic, do JPMorgan, tinha já concluído que o grande afastamento do investimento através de uma gestão activa – devido ao aumento dos fundos de índices, exchange-traded funds (ETF) e estratégias de trading baseadas em métodos quantitativos – aumentou o perigo de ocorrências de disrupções nos mercados. Numa outra nota de investimento publicada esta semana, Kolanovic tinha alertado para o potencial de vir a ocorrer no futuro uma "grande crise de liquidez".


"A mudança de uma gestão activa para passiva e especificamente a diminuição dos investidores com estratégias de procura de activos de valor, reduz a capacidade do mercado prevenir e recuperar de fortes desvalorizações", referem os analistas. As contas de gestão activa (compra e venda de títulos para deter em carteira por um curto período de tempo) representam apenas um terço das acções no mercado de gestão de activos e são responsáveis por apenas 10% do volume transaccionado, de acordo com o JPMorgan.


Esta alteração "eliminou uma elevada quantidade de [carteiras de] activos disponíveis para comprar títulos baratos e travar uma disrupção no mercado", referem os analistas do banco.


Além da questão da liquidez, Normand e Federico Manicardi destacam a extensão da próxima crise como um factor essencial para medir qual será a sua gravidade. Quanto mais tempo a recessão durar, tipicamente maior será o impacto nos mercados, concluem as análises às crises do passado.


"A duração da recessão é um poderoso obstáculo às rendibilidades, o que deve encaixar com as preocupações de alguns leitores que os responsáveis políticos carecem de margem de manobra orçamental e monetária para recuperar as economias na próxima recessão", acrescentam.

 

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