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Índia junta-se ao grupo de países emergentes com problemas. Rupia afunda para mínimos de sempre

A rupia atingiu o seu valor mais baixo de sempre face ao dólar. A crise monetária continua a alastrar-se nos mercados emergentes com a Turquia e a Argentina à cabeça. Mas há quem desvalorize os perigos.

10 de Setembro de 2018 às 12:59
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Os desequilíbrios externos da Índia estão a fazer estragos na rupia, a divisa indiana que esta segunda-feira, dia 10 de Setembro, atingiu o valor mais baixo de sempre. A divisa indiana está a desvalorizar 0,48% para os 0,01381 dólares, a bolsa de Bombaim a cair para mínimos de um mês e as obrigações soberanas desceram ao nível mais baixo desde 2014. Continua assim a pressão nos mercados emergentes com os investidores a desfazerem-se ("sell-off") desses activos.

As quedas são generalizadas à maior parte dos mercados emergentes como é exemplo a Turquia, a África do Sul, o Brasil ou a Argentina. Esta tendência negativa está a levar o índice das divisas emergentes (MSCI) para valores abaixo da média móvel de 200 semanas pela primeira vez desde 2017, segundo a Bloomberg.

No caso da Índia, o problema está nas contas correntes. O país registou o maior défice externo dos últimos cinco anos (15,8 mil milhões de dólares), o que deixa os investidores preocupados com os défices comerciais e orçamentais assim como com a subida da inflação e a crescente dependência de credores externos.
Dadas as perdas na rupia, o Governo indiano pediu ao banco central da Índia para ajudar a estabilizar a moeda. A divisa indiana já perdeu 11,6% do seu valor face ao dólar este ano que deverá ser o pior desde 2011. É expectável que o banco central possa continuar a aumentar os juros para o nível mais alto em dois anos.

Os receios intensificam-se numa altura em que as tensões comerciais estão na agenda por imposição dos Estados Unidos. A retirada da política monetária expansionista e os focos de tensão políticos ou económicos em algumas economias emergentes fazem com que os mercados estejam agitados. Além disso, a valorização do dólar tem colocado pressão em dívida pública argentina ou turca.

Independência do banco central russo em causa
As quedas já chegaram também a Moscovo. O rublo enfraqueceu negociando agora a 70 rublos por um dólar, o valor mais baixo em quase dois anos e meio. Em causa está a independência do banco central, que tem levantado dúvidas.

Segundo uma nota do banco Goldman Sachs, a Rússia tem um excedente externo, inflação baixa e beneficia actualmente do aumento do preço do petróleo. Apesar disso, o país tem sido alvo de sanções por parte dos Estados Unidos e da União Europeia e os riscos externos e domésticos - com a popularidade de Putin a cair - têm aumentado.

Mas o principal problema está na independência da governadora Elvira Nabiullina. Esta tem sido pressionada para baixar os juros e, apesar de ter resistido, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev voltou à carga esta semana em antecipação da reunião de política monetária de sexta-feira.

Economia desliza e lira volta a cair
Durante este Verão, a lira foi uma das protagonistas (pela negativa) dos mercados após Donald Trump ter imposto uma tarifa agravada na economia turca. O pior já passou, mas os problemas continuam. A divisa turca desvalorizou cerca de 40% desde o início do ano e voltou a cair esta segunda-feira quando foram revelados dados económicos menos positivos: está a cair 0,87% para os 0,15470 dólares.

O PIB turco aumentou 5,2% (média dos últimos 12 meses) no segundo trimestre, ainda antes da crise da lira, desacelerando face aos 7,3% do primeiro trimestre. A desvalorização da divida turca deverá trazer piores notícias para o PIB do terceiro trimestre. Esta terça-feira há reunião do banco central da Turquia para decidir se sobe ou não os juros.

Há sete economias emergentes em risco de crise
Para os japoneses do Nomura há sete países emergentes em risco de entrar numa crise monetária. É o caso do Sri Lanka, África do Sul, Argentina, Paquistão, Egipto, Turquia e Ucrânia.

Por outro lado, para o Nomura países como o Brasil, a Bulgária, a Indonésia, o Cazaquistão, o Peru, as Filipinas, a Rússia ou a Tailândia têm um baixo risco de crise. "Uma vez que os investidores estão a focar-se mais no risco dos mercados emergentes é importante não juntar todos no mesmo saco como um grupo homogéneo", alertou o banco japonês.

Há quem desdramatize de tal forma que aconselhe o movimento inverso aquilo que se assiste no mercado: apostar nos mercados emergentes. É o caso do banco norte-americano Wells Fargo que recomenda o investimento em acções desses mercados, tendo melhorado o 'guidance' de neutro para favorável. O Wells Fargo antecipa uma (re)aceleração do crescimento económico mundial, um aumento do apetite por risco e uma depreciação do dólar - ingredientes que podem ajudar os emergentes.

Os economistas do Northern Trust também desdramatizam a pressão que está sob os mercados emergentes, antecipando que os efeitos negativas não cheguem às economias avançadas. A gestora de activos norte-americana está "cautelosamente optimista" em relação ao crescimento global.
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