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Gigante do imobiliário da China enfrenta protestos de investidores devido a risco de incumprimento

Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, o grupo divulgou que as suas vendas mensais caíram quase para metade, entre junho e agosto, fixando-se em 38,1 mil milhões de yuans (4,9 mil milhões de euros).

14 de Setembro de 2021 às 14:25
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A imobiliária chinesa Evergrande alertou esta terça-feira que está sob "tremenda pressão", por falta de liquidez, numa altura em que enfrenta protestos de clientes e investidores, prevendo-se uma reestruturação da dívida da empresa.

Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, o grupo divulgou que as suas vendas mensais caíram quase para metade, entre junho e agosto, fixando-se em 38,1 mil milhões de yuans (4,9 mil milhões de euros).

A Evergrande, que no mês passado alertou sobre o risco de entrar em incumprimento, devido a uma crise de liquidez, culpou "reportagens negativas da imprensa" pela falta de confiança de potenciais compradores de imóveis da empresa.

A imobiliária disse que contratou Houlihan Lokey e Admiralty Harbor Capital para avaliar a sua liquidez e "explorar todas as soluções viáveis", visando aliviar a sua crescente crise de dívida.

A imobiliária chinesa Evergrande sofreu esta semana dois cortes na classificação da sua dívida, pelas agências Fitch e Moody's, provocando receios de falência da empresa, cuja dívida ascende ao equivalente a quase 260 mil milhões de euros. Aquele montante é superior ao PIB (Produto Interno Bruto) de Portugal.

A Moody's cortou a avaliação da empresa e, um dia depois, a Fitch fez o mesmo, ao baixar o rating de CCC+ para CC. O nível de 'rating' CC envolve grande probabilidade de incumprimento.

O possível incumprimento da empresa pode acarretar um risco mais amplo para o sistema financeiro do país e para o mercado de dívida internacional.

Os crescentes problemas de crédito do grupo coincidiram com uma campanha regulatória do Governo chinês contra grandes grupos privados, nos setores da tecnologia ou do imobiliário.

Nos últimos dias, as redes sociais chinesas foram inundadas com reclamações de compradores, que temem que as suas propriedades não sejam concluídas, e de investidores, que compraram obrigação emitidas pelo grupo para financiar projetos imobiliários.

A imprensa estatal informou que centenas de pessoas protestaram na sede da Evergrande, em Shenzhen, no sul da China, e reuniram com executivos do grupo, no domingo, depois de a empresa ter suspendido o pagamento dos cupões das suas obrigações.

A polícia foi enviada para manter a ordem, enquanto as manifestações se prolongaram na segunda-feira, de acordo com vídeos que circularam 'online'.

No comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande também revelou que duas das suas subsidiárias não conseguiram "cumprir as suas obrigações", que ascendem a cerca de 934 milhões de yuans (122 milhões de euros), em produtos de gestão de fortunas emitidos por terceiros.

O grupo está a tentar cortar custos e vender ativos, incluindo participações num negócio de veículos elétricos e num grupo de serviços imobiliários, ambos listados em Hong Kong, bem como uma propriedade emblemática na região semiautónoma.

As ações da Evergrande listadas em Hong Kong caíram até 11%, na terça-feira, elevando a sua queda este ano para 80%.
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