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Europa paga "factura" da falta de gasolina nos EUA

O preço do petróleo referência para Portugal e outros países europeus, o Brent, nunca esteve tão acima do crude norte-americano, o WTI, com a diferença na sexta-feira a chegar aos sete dólares por cada barril. No final da semana, o petróleo negociado em L

28 de Maio de 2007 às 07:00
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O preço do petróleo referência para Portugal e outros países europeus, o Brent, nunca esteve tão acima do crude norte-americano, o WTI, com a diferença na sexta-feira a chegar aos sete dólares por cada barril. No final da semana, o petróleo negociado em Londres fechou nos 70,69 dólares.

A justificar esta diferença estão essencialmente dois factores: o crescimento das reservas de petróleo nos EUA, devido à falta de capacidade de refinação e de escoamento através de oleodutos; e ao consequente declínio do WTI como referência a nível mundial. Tal estatuto explica o facto de, no passado mais distante, o crude norte-americano sempre ter cotado acima do Brent.

António Costa Silva, presidente da Partex, petrolífera do grupo Gulbenkian, considera que a diferença de preços está relacionada com "factores que têm a ver com os constrangimentos no mercado dos EUA, que investiu muito pouco em refinarias".

O preço da gasolina nos EUA está junto a um dos seus valores mais altos dos últimos anos. A principal causa desta subida é a falta de capacidade de refinação de petróleo, o qual se acumula em depósitos e faz subir as reservas de petróleo nos EUA.

Consequentemente, como a procura é menor, o preço do petróleo referência nos EUA cai. Assim se justifica que o West Texas Intermediate (WTI) esteja a negociar abaixo dos 65 dólares o barril. O advogado e especialista em petróleo, Rui Amendoeira, explicou que "o preço do petróleo norte-americano está muito dependente de problemas de infra-estruturas e, como há excesso de fornecimento de crude, este fica armazenado".

Além disso, o WTI começa a ter cada vez menos relevo no mercado mundial, estando a ser substituído pelo Brent e pelo crude do Dubai.

"O mercado na Europa não está a ter os problemas que os EUA sentem", acrescenta António Costa Silva. E isso leva a que seja um mercado mais apetecível para negociar. Além disso, há a questão dos investidores que apenas negoceiam futuros.

Como o Brent tem maiores probabilidades de subir, eles desinvestem no WTI e aplicam o capital em Londres, impulsionando ainda mais o preço. Rui Amendoeira considera, no entanto, que "o mercado deve compensar. Se a diferença se agravar muito mais e compense pagar o transporte de crude, há petrolíferas que começam a comprar WTI em vez do Brent".

Globalmente, a tendência não é muito positiva. O presidente da Partex avisa que "a percepção do mercado está em alta", com receios de interrupções geradas por conflitos em países produtores de petróleo. E aí a Europa também é mais penalizada que os EUA, pois está mais dependente das importações desses produtores, como a Nigéria, o Irão ou o Iraque.

A este factor, somam-se o início do Verão nos EUA, altura em que o consumo de gasolina dispara, o crescimento contínuo da China e a relutância da OPEP em aumentar a produção de petróleo. Alguns analistas já vêm o crude a voltar aos 80 dólares o barril.

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