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Estados Unidos escapam ao "default" à última hora, como sempre

Senado chega a acordo para levantar paralisação e republicanos deixam proposta ir ao Congresso, a tempo de evitar o incumprimento na dívida.

Reuters
16 de Outubro de 2013 às 23:56
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Os congressistas republicanos e o seu líder, John Boehner, cederam à pressão pública e aceitaram levar uma proposta do Senado a votação no Congresso norte-americano. Uma proposta que levanta a paralisação parcial das funções estatais e dá ao tecto da dívida uma folga que dura até Fevereiro. Uma vez mais, os EUA escapam à última hora de um incumprimento ("default") na dívida pública, adiando um problema que abalou os mercados durante semanas e que ameaça voltar à ordem do dia dentro de alguns meses.

Para o final da noite na Europa estava agendada uma reunião entre os congressistas do partido republicano, mas várias fontes disseram à imprensa que Boehner iria permitir que a proposta do Senado fosse ao Congresso. Republicanos como Kevin Brady, do estado do Texas, estavam confiantes de que a proposta seria votada favoravelmente. Ted Cruz, o senador que recentemente "empatou" uma discussão sobre a reforma do sistema de saúde com um discurso ininterrupto de 21 horas, prometeu não repetir a façanha. O que permitirá que o acordo chegue à ponta da esferográfica de Barack Obama a tempo de evitar danos maiores.

As acções americanas passaram a subir mais de 1,2%, o ouro descia, a certa altura, 1%, e aliviou a pressão nos mercados de dívida e sobre o preço dos títulos dos EUA com reembolso agendado para os próximos dias. Fundos da Fidelity e de outras gestoras haviam decidido, dias antes, vender esses títulos no mercado, com receio de que os EUA não escapassem, desta vez, ao incumprimento.

Desde 1939, o tecto da dívida dos EUA foi aumentado, em média, mais do que uma vez por ano. Em alguns casos, foi apenas um acto administrativo. Na maioria, foi "arma de arremesso" entre os partidos e só à última hora se evitou o "default" na dívida norte-americana. Algo que, de resto, nunca aconteceu na História norte-americana. Desta vez, o acordo chegou horas antes do "prazo" de 17 de Outubro, em que o Tesouro perdia a autorização para emitir dívida. Daí até que faltassem fundos para reembolsar dívida ou pagar salários, seria uma questão de dias ou (poucas) semanas.

"O compromisso que atingimos vai dar à nossa economia a estabilidade de que desesperadamente necessita", afirmou o senador democrata Harry Reid. Ao final da tarde na Europa, enquanto se aguardava o voto no Congresso, a Reserva Federal dos EUA publicou o seu "Livro Bege", em que dava conta de que "alguns governadores estão a notar um aumento da incerteza devido sobretudo à paralisação do governo federal e ao debate sobre o tecto da dívida".

O historial de decisões favoráveis, ainda que à última hora, não evitou que se especulasse nos últimos dias sobre os efeitos que teria um incumprimento em dívida norte-americana, um dos activos mais transaccionados e mais utilizados como colateral em todo o mundo. Jamie Dimon, presidente do JPMorgan Chase, disse que "um ‘default’ lançaria o caos" no sistema financeiro.

 
Adiado o impasse sobre o tecto da dívida, o que vai marcar a agenda dos mercados

Tecto da dívida volta à ordem do dia em Janeiro

O acordo obtido no Senado dos EUA para levantar a paralisação prevê que, se não houver acordo definitivo até então, o tecto da dívida volta à agenda em Janeiro. As funções do Estado voltam a ser parcialmente paralisadas a 15 de Janeiro e o novo valor para o tecto da dívida deverá ser atingido no dia 7 de Fevereiro. Nessa altura, o risco pode ser ainda maior do que no impasse que perdurou ao longo das últimas semanas. Isto porque, por ser época de reembolsos pelo fisco, é mais limitada a capacidade do Tesouro para utilizar medidas de recurso, que dão ao Estado federal margem de manobra para se manter "à tona" após deixar de poder emitir dívida nos mercados.

 

Quando irá, agora, a Fed reduzir os estímulos?

Uma das explicações avançadas pelos especialistas para que a Fed não tenha, como era amplamente previsto, reduzido o programa de compra de activos em Setembro prendia-se com o receio face ao impasse com o tecto da dívida. Um membro da Reserva Federal reconheceu na terça-feira que, na sua opinião, a situação ainda estava muito "frágil" para que o banco central equacionasse um corte aos estímulos à economia na reunião da próxima semana. A maioria dos economistas continua a apostar numa redução até ao final do ano, provavelmente em Dezembro, mas o impacto da paralisação sobre a economia pode adiar decisão para 2014.

 

Resultados vão suportar máximos da bolsa?

O impasse em Washington mereceu críticas por parte de alguns dos "gurus" dos mercados financeiros. Warren Buffett disse que a ameaça de não aumentar o tecto da dívida era uma "arma política de destruição maciça".

Já Marc Faber, que publica o "GloomBoomDoom" teceu críticas a Washington mas disse-se mais preocupado com o rumo dos lucros das empresas norte-americanas. "Estamos a entrar numa nova época de resultados e é provável que os resultados das empresas sejam decepcionantes", afirmou Marc Faber. Se assim for, a bolsa pode corrigir negativamente, pois "o mercado já não está barato", afirmou Marc Faber.

 

 

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