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CMVM antecipa subida do risco nas acções, imobiliário e fintech
Entres os vários segmentos de risco analisados no relatório "Risk Outlook" da CMVM, só os relacionados com o mercado accionista, imobiliário e fintech aumentam no próximo ano.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) antecipa uma subida do risco no mercado accionista, imobiliário e fintech no próximo ano, sendo que, em 2017, o financiamento é o único segmento de risco identificado como "muito elevado". Estas são as principais conclusões do "Risk Outlook" divulgado esta sexta-feira, 15 de Dezembro, pelo regulador do mercado.
No que respeita ao mercado accionista, a CMVM destaca os riscos da baixa volatilidade, que conjugada com preços elevados, pode conduzir a fortes correcções, que exigem uma monitorização mais apertada.
Lembrando que a volatilidade dos mercados accionistas globais tem caído nos últimos trimestres – incluindo no mercado português – o relatório sublinha que "a volatilidade muito baixa, juntamente com preços elevados, tem sido, no passado e em alguns mercados, um indicador chave de fortes correcções do mercado".
Por outro lado, afirma o relatório, a baixa volatilidade gera um sentimento de segurança que pode levar à assunção de maiores riscos e uma maior alavancagem. "Durante períodos de baixa volatilidade, os agentes individuais e institucionais aumentam o sentimento subjectivo de segurança e, portanto, a escolha de estratégias de risco", sintetiza a CMVM. "Quanto maior o período de calma, maiores os desequilíbrios que podem surgir no sistema financeiro no caso de um evento inesperado que crie a necessidade de mudar as estratégias de investimento".
A CMVM mostra também alguma cautela em relação à evolução do mercado imobiliário, nomeadamente no que respeita à avaliação dos activos, pressão sobre o crédito e avaliação do risco.
O regulador lembra que os preços de mercado – assim como o número de casas vendidas – têm subido em Portugal, especialmente desde a forte contracção registada entre 2010 e o primeiro trimestre de 2013. "O número de transacções quase duplicou e os preços cresceram 18% entre o segundo trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2017", aponta o relatório, acrescentando que esta dinâmica exige uma vigilância "cada vez mais estreita" pelos reguladores e também pelos órgãos governamentais.
Por fim, a CMVM destaca os riscos relacionados com as fintech, empresas de serviços tecnológicos ligados à área financeira, que, na visão do regulador, "podem conduzir a novos riscos e prejuízos para os ‘players’ do mercado financeiro".
"Por exemplo, a crescente adopção de plataformas de financiamento alternativas pode expandir os riscos operacionais e o risco de colapso/falência, erros e má conduta das empresas, risco de fraude e burla pelos utilizadores das plataformas e riscos de liquidez devido à falta de um mercado secundário", exemplifica a CMVM. "Estes riscos também podem prejudicar a confiança nos mercados financeiros e dificultar o seu bom desenvolvimento, que é outra fonte de preocupação para os reguladores do mercado financeiro".
Ainda assim, o organismo liderado por Gabriela Figueiredo Dias afirma que não há evidências de que estes riscos se estejam a materializar em Portugal, estando a CMVM a trabalhar para garantir que as fintech servem os melhores interesses dos consumidores do país.