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BiG: Resposta tardia da Fed à inflação pode ditar subida de juros repentina

O BiG alerta para as consequências de uma ação tardia da Fed, à semelhança do que aconteceu nos anos 70, e que pode levar a uma subida expressiva dos juros no país.

Jerome Powell falou na questão da retirada de estímulos na conferência de imprensa que sucedeu à apresentação das decisões monetárias.
Joshua Roberts/Reuters
30 de Junho de 2021 às 11:50
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A subida da inflação nos Estados Unidos tem estado no centro das preocupações dos investidores e já levou a Reserva Federal a rever a sua estratégia, com o banco central a antecipar para 2023 as primeiras mexidas nos juros no país. Uma mudança baseada, porém, no pressuposto que a subida dos preços é temporária. Mas caso a inflação continue a subir de forma consistente, a autoridade poderá ter que agir de forma tempestiva, avisa o BiG no seu Outlook para o 3º trimestre.

 

Manter uma mensagem clara e preparar os investidores para as decisões que se seguem. Tem sido assim o modo de atuação privilegiado pelos grandes bancos centrais nos últimos anos, de modo a evitar picos de volatilidade nos mercados. Tendo em conta as indicações mais recentes deixadas pela Fed, o banco central dos EUA poderá fazer duas mexidas nos juros em 2023 – e não 2024 como estava previsto antes – tirando a taxa de referência do atual intervalo entre 0 e 0,25%.

 

Estas previsões partem, contudo, do princípio de que a "inflação subiu, devido sobretudo a fatores transitórios. As condições gerais de financiamento permanecem acomodatícias, em parte graças às medidas políticas para suportar a economia", segundo indicou a Fed no comunicado da reunião que decorreu em meados do mês.

 

No entanto, caso a subida da inflação não seja temporária como a autoridade liderada por Jerome Powell indica, "a Fed poderá estar a atuar de forma tardia", avisa o banco BiG, no seu "outlook" para o terceiro trimestre.

 

"Na atual crise, a Fed adotou uma postura ‘outcome-based’, ao contrário de ‘forecast-based’. Ou seja, irá manter uma postura acomodatícia até o emprego alcançar o seu "máximo" (pleno emprego). Dado o atraso entre a implementação da política e o seu resultado na economia, haverá certamente um overshooting na inflação", explica o BiG.

 

As consequências desta inação da Fed face à subida da inflação – o banco central estima uma inflação de 3,4% em 2021 – poderão ser idênticas às que aconteceram nos anos 70, avisa o BiG. Ou seja, uma subida expressiva das taxas de juro.

 

"Quando a FED adotar uma postura contracionista, a economia poderá já estar em sobreaquecimento como aconteceu nos anos 70, obrigando a FED (na altura sob a presidência de Paul Volcker) a aumentar a taxa de juro de forma repentina", refere o "outlook". Ainda assim, os especialistas admitem que, "por enquanto, as expectativas de inflação continuam bem ancoradas em níveis aceitáveis, mas como nos anos 70, tudo pode mudar rapidamente.

 

BCE com margem para decidir

 

Ao contrário dos Estados Unidos, na Europa "a expectativa de inflação média para os próximos 10 anos nas principais economias europeias encontra-se ainda abaixo do objetivo de médio longo prazo do BCE – nível abaixo, mas próximo, de 2%", refere a mesma análise, acrescentando que "o BCE estima que no início de 2022 a inflação comece a normalizar com o atenuar dos efeitos temporários e com a estabilização dos preços da energia".

 

De acordo com a autoridade europeia, a subida da taxa de inflação recente no euro deve-se a fatores transitórios e ao aumento do preço da energia, que tenderão a desaparecer.

 

"No médio/longo prazo, as pressões inflacionistas continuarão limitadas pelo brando crescimento económico, justificando a necessidade do BCE garantir condições financeiras favoráveis através de uma postura acomodatícia", remata o BiG.
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