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Bancos espanhóis afundam em bolsa e juros sobem para máximos de quase três meses
A bolsa de Madrid está a desvalorizar 1% enquanto os juros da dívida a dez anos seguem no valor mais alto desde Julho, depois do referendo deste domingo ter dado vitória ao "sim" à independência da Catalunha.
A bolsa de Madrid está a negociar no vermelho e os juros da dívida espanhola a subir em todas as maturidades depois do controverso referendo deste domingo, em que 90% dos boletins de voto validados disseram "sim" à independência da Catalunha.
Numa altura em que os principais índices bolsistas da Europa se dividem entre ganhos e perdas pouco acentuadas, o espanhol IBEX desce 1,01% para 10.276,30 pontos, penalizado sobretudo pela banca.
Neste sector, o Sabadell afunda 4,42%, o CaixaBank recua 2,59%, o Santander desvaloriza 1,69% e o BBVA perde 1,24%. Na Europa, o índice que reúne as maiores cotadas do sector financeiro desliza apenas 0,17%, com as descidas das instituições espanholas a serem compensadas pela subida de bancos como o italiano UBI Banca e o norueguês DNB.
No mercado de dívida, os juros das obrigações espanholas a dez anos sobem 6,8 pontos base para 1,671%, depois de terem chegado a escalar para os 1,697%, o valor mais elevado desde 13 de Julho.
Segundo a Bloomberg, além do clima de incerteza em Espanha, na sequência do referendo, os juros estão a reagir à decisão da S&P de manter o rating do país, depois de alguns investidores já se terem posicionado para uma subida. No entanto, na sexta-feira, a agência de notação financeira manteve o rating de Espanha em BBB+ e a perspectiva positiva, avisando que a tensão entre as autoridades catalãs e o governo central pode começar a pesar sobre a confiança das empresas, o investimento e as perspectivas de crescimento.
Depois de terem sido revelados os resultados do referendo, que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional, os líderes separatistas sinalizaram que deverão avançar para uma declaração unilateral de independência já esta semana.
A reacção do mercado "faz sentido, pelo menos hoje, depois das notícias deste fim-de-semana e da percepção de um crescimento da incerteza e dos riscos políticos internos", afirma John Davies, estratega do Standard Chartered, em Londres, citado pela Bloomberg.
O governo central, que tentou evitar a realização do referendo por via da força – os confrontos com a polícia resultaram em mais de 800 feridos – não reconhece qualquer validade à consulta popular, que voltou a considerar uma "encenação".