A Portugal Telecom terá chegado a acordo para entrar no capital da Oi, com 23% da operadora por 3,75 mil milhões de euros e irá vender a sua posição na Vivo do Brasil à Telefónica por 7,5 mil milhões de euros, segundo noticiou ontem o Negócios.

“A gestão da PT merece crédito por ter preservado o negócio e extraído máximo valor”, mas vai ter de entregar parte do valor criado no negócio, explica a nota de investimento do Bernstein Research, que refere que a generalidade das operadoras brasileiras sabe “quanto dinheiro a PT tem no bolso” e que a operadora quer ficar no Brasil.

Ainda assim, a entrada da PT no capital da Oi poderá ser criadora de valor “apesar do elevado prémio”, se a PT conseguir comprar a sua posição na operadora através de uma participação na Tele Norte Leste. “O problema é vai permanecer considerável incerteza quanto à criação de valor devido à complicada estrutura accionista” da Oi.

Já o BPI refere que “apesar de parecer um valor enorme para se pagar por uma participação minoritária sem controlo ou controlo partilhado”, a notícia é “positiva se confirmada”. De facto, se for confirmado um aumento de capital da Telemar Participações, os actuais detentores do controlo da operadora perdem o controlo da operadora.

Ainda que o banco de conclua que a PT está a pagar um prémio "elevado" de 2,5 mil milhões de euros, que é parcialmente justificado pelo facto de a Oi estar com problemas de “governance”, que podem justificar o pagamento de um prémio. “Além disso, a experiência da PT na Vivo pode ser benéfica para a operadora móvel da Oi, que se tem debatido para apresentar um bom desempenho”.

O preço-alvo do BPI para a PT é de 8,30 euros, que coincide com o preço a que as acções da PT encerraram a sessão de ontem. Já os analistas do Bernstein estimam que a operadora portuguesa venha a valer 8,45 euros a 9,45 euros, que se podem decompor em 4,95 euros do negócio doméstico da Portugal Telecom, 1 euros do dividendo especial e 2,5 a 3,5 euros por acção, que provêm da participação na Oi.

Se o negócio se realizar, a Portugal Telecom será o maior accionista com 23% da Oi e Andrade Gutierrez terá 14,89% da operadora brasileira. La Fuente deterá 14,89% e a Fundo Atlântico com 8,86%, enquanto a BNDESPar mantém um posição de 12,98%. A Previ será dona de 9,97% das acções, a Petros e a Funcef terão 7,7% cada um.

As acções da cotada liderada por Zeinal Bava ainda não negociaram hoje, porque estas foram suspensas antes da abertura da bolsa, até que a cotada divulgue informação sobre o negócio.