Notícia
Acções do BCP perdem 29,6% em duas semanas
A turbulência em torno do Banco Espírito Santo arrastou o BCP para uma desvalorização de 29,66% em apenas duas semanas. As acções fecharam esta sexta-feira a valer 8,37 cêntimos.
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Há duas semanas consecutivas que as acções do Banco Comercial Português não param de perder valor. Desde 28 de Julho, os títulos só fecharam uma vez em alta, na sessão de 4 de Agosto, dia que se seguiu ao resgate do Banco Espírito Santo (a solução encontrada passou pela transferência de trabalhadores, depósitos e créditos bons para o Novo Banco, enquanto os activos considerados problemáticos ficaram no BES SA, transformado num banco mau).
O dia 28 de Julho marca o início da negociação de mais de 34 mil milhões de novas acções que passaram a compor o capital social do Banco Comercial Português, na sequência do aumento de capital de 2.250 milhões de euros.
No dia em que o banco apresenta os resultados referentes ao primeiro semestre, as acções do BCP começaram a negociar nos 11,5 cêntimos. Os títulos caíram um máximo de 6,62% e fecharam o dia a perder 2,68%.
Passavam poucos minutos das 17h30 quando o banco anunciou prejuízos semestrais de 62,2 milhões de euros. O facto de este valor ser, significativamente, inferior aos resultados líquidos do período homólogo (-488 milhões de euros) gerou uma onda de optimismo que levou as acções a ganharem mais de 4% no dia seguinte. O optimismo durou pouco tempo e o banco fechou a sessão de terça-feira, 29 de Agosto, a cair 2,34%.
Na quarta-feira, o banco regista a queda menos acentuada das últimas duas semanas (-0,77%).
Nesse dia à noite o Banco Espírito Santo revela prejuízos históricos de 3.577 milhões de euros. Seguem-se dois dias de fortes quedas, não só do BCP, mas de todos os títulos da banca. Na quinta-feira, 31 de Julho, as acções do Banco Espírito Santo perdem um máximo de 42% e no dia seguinte chegam a desvalorizar mais de 50% até serem suspensas pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários já perto do fecho da sessão.
Chegado o fim-de-semana, e com os mercados bolsistas encerrados, as autoridades nacionais e europeias tentam resolver a grave situação que se vive no Banco Espírito Santo. A solução é revelada no domingo à noite pelo governador do Banco de Portugal.
O banco é dividido em dois: um banco bom para onde transitam os trabalhadores, depósitos e créditos bons e um banco mau que fica com activos problemáticos. Os accionistas do antigo BES passam a ser detentores do "bad bank", o que significa que, por agora, perdem tudo, ainda que possam vir a recuperar parte das perdas após a liquidação do banco mau e consequente venda de activos.
Semana começa verde mas acaba com tombo
Na segunda-feira, e sem o regresso do BES à negociação, a solução parece agradar aos investidores. As acções do BCP chegam a ganhar um máximo de 8,91% e fecham o dia a subir 6,13% para 10,72%.
No entanto, os receios de que se descubram "novos" casos semelhantes ao do BES – podendo ditar perdas avultadas para os accionistas – voltam a penalizar os títulos da banca. Terça-feira, 5 de Agosto, o BCP volta a viver um dia de quedas, que se acentuam na quarta-feira e na quinta-feira.
Na quarta-feira, as acções do BCP caem um máximo de 15,76% e no dia seguinte de 20,20%.
Aliás, na quinta-feira, dia em que o banco liderado por Nuno Amado anuncia que vai reembolsar o Estado em 1.850 milhões de euros, a banca portuguesa vive um dia de nervos na bolsa nacional.
O BCP abre a cair mais de 4% e menos de meia hora depois já afundava 20,23% para 7,01 cêntimos. A partir daí encetou uma recuperação até regressar a terreno positivo ainda antes das 11h00. Pouco depois o banco anuncia que recebeu autorização do Banco de Portugal para reembolsar o Estado em 1.850 milhões de euros.
Uma revelação que ajuda a acção do banco liderado por Nuno Amado a estabilizar em alta. Pelas 13h00 subiam 7,43% para 9,44 cêntimos. Contas feitas, os títulos dispararam 34,7% desde os mínimos da manhã. As acções fecham o dia a perder 1,21% para 0,0868 euros.
Esta sexta-feira, o banco viveu a quarta sessão consecutiva de quedas, tendo fechado a cair 3,59% para 0,0837 euros. Acumula a desvalorização acumulada, em duas semanas, de 29,6%.