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Powell atira bitcoin ao chão. "Criptoqueen" cai 40% face a novembro

A "criptoqueen" sofreu uma queda de 40%, desde o dia 10 de novembro, quando bateu o recorde histórico dos 69 mil dólares.

Jerome Powell, presidente da Fed, anuncia hoje as decisões da reunião de política monetária de junho.
Susan Walsh/Pool via REUTERS
07 de Janeiro de 2022 às 15:27
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A Bitcoin chegou esta sexta-feira a mergulhar 4,9% até aos 41.008 dólares, caindo assim para um nível que já não era visto desde setembro do ano passado. Perante estes números, a "criptoqueen" sofreu uma queda de 40%, desde o dia 10 de novembro, quando bateu o recorde histórico dos 69 mil dólares.

Às 13h02 de Lisboa, a cotação da criptmoeda mais cotada do mercado corrigiu para uma queda de 1,75% para 42.368,22 dólares, segundo os dados da Coin Market Cap.

O mergulho da bitcoin tem arrastado as criptomoedas com mais capitalização de mercado. Durante a manhã desta sexta-feira, a ethereum tombou 9% registando um novo mínimo desde o dia 30 de setembro. Na última semana, a "número dois" do mercado das criptomoedas afundou 14,77% para 3.744,23 dólares.

Solana, Binance Coin, Cardano e XPR caíram mais de 10% na última semana.

Para os analistas este aprofundamento na queda das cotações das principais criptomoedas, que nos últimos meses já pareciam estar em "bear market", deve-se à divulgação das atas da Reserva Federal norte-americana (Fed), que indicam a possibilidade de uma subida antecipada das taxas de juro e a redução do balanço da Fed.

"A intenção da Fed de reduzir o balanço, já no primeiro trimestre de 2022 é o principal motivo, para este sell-off", explicam os analistas do Fundstrat, numa nota publicada esta quinta-feira.

"À medida que o mercado cripto amadurece, a bitcoin e a ethereum estão cada vez mais próximas dos mercados financeiros tradicionais, sofrendo um impacto com as mudanças na inflação e nos juros da dívida [norte-americana]", escreveu Ben Caselin, responsável pelo departamento de pesquisa do mercado cripto da AAX, numa nota de análise ao mercado, publicada esta sexta-feira.

Esta semana veio assim dar razão à ala de analistas que acredita que "as decisões da Reserva Federal norte-americana podem colocar obstáculos ao crescimento da bitcoin", contrariando assim a opinião da linha de especialistas que acredita que a "criptoqueen" vai ver a sua cotação aumentar, sobretudo devido à aposta de grandes empresas na "blockchain" e no metaverso, independentemente da política monetária.

Esta semana, em entrevista à Bloomberg TV, Antoni Trenchev, sócio do credor cripto Nexo, defendeu que "a política monetária dos bancos centrais é o fator número um que determina a ascensão ou a queda da cotação de um criptoativo".

Porém, o analista acredita, com base em vários indicadores de análise técnica, como o recurso ao "momentum", que a "bitcoin poderá chegar aos 100 mil dólares até junho de 2022". Por outro lado Trenchev não adivinha a mesma sorte para outras "criptostars" de 2021, como Solana e Avalanche, que registaram subidas semanais de quatro dígitos. "Será um ano de ascensão sobretudo para a ethereum e bitcoin", acrescenta.

Já Jeffrey Halley, analista sénior de mercados na Oanda Asia Pacific, é mais prudente nas suas previsões. Em entrevista à Bloomberg destaca que "2022 será um ano de continuidade de crescimento para as criptomoedas, ainda que o ambiente macroeconómico seja mais desafiante este ano".

"O principal desafio será a normalização das taxas de juro, por parte da Fed e de outros bancos centrais, o que poderá motivar os investidores a virarem-se para outros ativos, o segundo maior desafio será a regulação, que se se concretizar em 2022, poderá limitar o crescimento deste mercado", explicou o analista.

O outlook sobre o mercado dos criptoativos da Bloomberg para 2022, prevê que a bitcoin se situará entre a linha de suporte dos 40 mil dólares e a linha de resistência dos 100 mil dólares.

O que disse a Fed?
Na sua última reunião de política monetária, realizada nos dias 14 e 15 de dezembro, a Reserva Federal norte-americana, liderada por Jerome Powell, anunciou que iria duplicar o ritmo da retirada gradual dos estímulos ("tapering"), tendo sido sinalizada a possibilidade de haver três aumentos dos juros este ano e mais três no próximo.

Segundo as atas da reunião, divulgadas esta semana, os membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da Fed aludiram à possibilidade de a subida das taxas diretoras poder começar mais cedo e ser mais rápida do que o previsto. Esse aumento dos juros pode ter início já no mês de março

"Os participantes sublinharam, de uma forma geral, que – atendendo às suas perspetivas individuais para a economia, mercado laboral e inflação – seria melhor aumentar a taxa dos fundos federais mais cedo, e a um ritmo mais acelerado, do que aquilo que foi anteriormente antecipado", dizem as atas.

De acordo com o documento divulgado, os participantes na reunião também estimam que as perturbações na oferta possam durar mais tempo, bem como as pressões inflacionistas, mas não esperam que a variante ómicron do coronavíris altere a trajetória da recuperação.
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