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Bitcoin tomba abaixo dos 40 mil dólares. O que justifica este comportamento?
Durante a madrugada esta sexta-feira, a "criptoqueen" tombou 7,4% para 38.261 dólares, tocando no nível mais baixo em cinco meses. A ligação cada vez mais profunda ao mercado acionista pode ser a causa para este "desastre".
A bitcoin caiu abaixo da linha de suporte dos 40 mil dólares, uma vez que a aversão ao risco varreu os mercados, perante a possibilidade da Reserva Federal norte-americana (Fed) poder anunciar, no âmbito das reuniões agendadas para a próxima semana, a adoção de uma política "falcão" para combater a inflação.
Durante a madrugada esta sexta-feira, a "criptoqueen" tombou 7,4% para 38.261 dólares, tocando no nível mais baixo em cinco meses. Este movimento foi acompanhado pelas principais moedas virtuais, tendo, a número dois, "ethereum" baixado a linha de suporte dos 3 mil dólares. Solana e Binance Coin também registaram as quebras expressivas, segundo os dados da Coin Market Cap.
Às 9h34 de Lisboa, a bitcoin corrigiu para os 39,087.53 dólares, a ethereum manteve-se na casa dos 2.880 dólares. Solana e Binance Coin recuperaram ligeiramente para 124,36 dólares e um dólar, respectivamente, estando apenas este último token a registar uma semana positiva, com um aumento na cotação a sete dias de 0,11%.
É ainda de destacar que esta sexta-feira, o índice de força relativa bitcoin, medido a cada sete dias, mergulhou como não era visto desde o início do ano passado, para faixa dos 33-40 pontos, o que significa que os investidores estão mais propensos a guardar o seu token, do que a vendê-lo. Para os analistas da Bloomberg Intelligence, este fenómeno é uma réplica do passado, "uma pausa perante a incerteza do mercado", defendem os analistas.
Recorde-se que a criptomoeda mais cotada do mercado já perdeu 44,5% desde que bateu o recorde histórico dos 69 mil dólares, em novembro. Desde esta altura, o mercado das criptomoedas, composto por mais de 15 mil tokens, já perdeu cerca de 1 bilião de dólares, estando em "bear market".
Afinal o que se passou?
Cada vez mais o comportamento da bitcoin torna-se menos volátil e mais próximo das variações do mercado financeiro tradicional, em particular do mercado das ações tecnológicas.
Como previu Diogo Mónica, o português fundador do primeiro banco cripto do mundo e parceiro de Wall Street na oferta e custódia de tokens, em entrevista ao Negócios, "vai haver um dia em que a bitcoin não vai ser considerada um ativo de risco, porque já existe há 30 anos, e terá uma volatilidade muito menor, muito mais próxima de ações tradicionais e talvez de obrigações, porque será um ativo mais comum e testado". Parece que esse dia chegou.
Na realidade o "coeficiente de 100 dias", construído pela Bloomberg Intelligence que correlaciona o comportamento da "criptoqueen" e do Nasdaq através de uma moldura entre -1 e 1, subiu acima de 0,40 nos últimos dias, o que significa que a bitcoin está a acompanhar os passos do mais destacado índice de ações tecnológicas do mundo.
"Às vezes as respostas são simples e neste caso é um número, 0,40. O futuro da bitcoin está cada vez mais próximo do futuro das ações", observou esta sexta-feira Bem Emons, diretor do departamento de estratégia da Medley Global Advisors", em entrevista à Bloomberg TV.