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Na guerra entre bitcoin e Pequim ganhou a bitcoin. Mineração aproxima-se de recordes
O poder computacional dedicado à criação de bitcoin estás prestes a atingir um novo patamar máximo, com grande parte dos mineradores a deslocarem-se para outros países, onde as faturas da eletricidade são das mais baratas do mundo.
A China, o principal berço da mineração de criptoativos, não conseguiu conter a atividade, apesar de toda a repressão contra o setor. O poder computacional dedicado à criação de bitcoin está prestes a atingir um patamar recorde, com grande parte dos mineradores a deslocarem-se para outros países, onde as faturas da eletricidade são das mais baratas do mundo.
Atualmente a taxa de "hash" da bitcoin - que mede os níveis de mineração da criptomoeda mais valiosa do mundo e que é medida entre Quilohash e Exahash – disparou para 172 milhões de "terahashes" por segundo, o valor mais alto desde maio, de acordo com dados divulgados pela Blockchain.com.
Desde que os mineradores foram expulsos da China, em maio, os EUA, Islândia, Noruega e Canadá tornaram-se a casa-mãe para este setor, de acordo com dados do Cambridge Centre for Alternative Finance.
"A proibição da mineração da China apenas provocou uma mudança geográfica, pelo que vemos este [movimento] em direção a outros países, incluindo o Canadá e os Estados Unidos", comentou Jason Zaluski, responsável pelo departamento de tecnologia da Hut 8 Mining Corp, com sede em Toronto, contactado pela Bloomberg.
Os mineradores de bitcoin desempenham um papel crucial no mercado cripto porque cunham novas moedas e garantem a segurança da tecnologia subjacente, que conta com computadores poderosos que resolvem equações matemáticas. Um hashrate mais alto significa que é mais difícil interromper uma rede cripto.
Os mineradores são incentivados a ligar o maior número possível de máquinas quando o preço da bitcoin sobe, o que explica em parte o ritmo da recuperação deste indicador.
Para Sam Doctor, diretor de estratégia da especialista em ativos digitais da Bitooda, é provável que a mineração de bitcoin encerre o ano entre os 180 milhões e 190 milhões de terahashes por segundo. Esta previsão é acompanhada pelas estimativas dos principais "players" do mercado.
Na semana passada, a Marathon Digital, uma mineradora cotada nos EUA, previu que atingiria níveis recordes de mineração até meados do próximo ano, depois de ter sido construída uma plataforma assente em energia renovável no Texas.
Já a Riot Blockchain, outra mineradora listada na Nasdaq, também aumentou as previsões de aumento da mineração, para o próximo ano, à medida que uma nova instalação no Colorado inicia funções.
Pequim vs bitcoin: uma luta sem tréguas à vista
Em setembro, o Banco Central Chinês (PBOC) intensificou a pressão sobre as criptomoedas, declarando oficialmente que todas as transações relacionadas com este tipo de ativos digitais são ilegais e devem ser proibidas.
Todas as transações relacionadas a criptomoedas, incluindo serviços prestados por "exchanges" no estrangeiro, para residentes em território chinês, passaram a ser consideradas atividades financeiras ilícitas.
Desta forma, a China deu o golpe final nas criptomoedas. Após vários avisos e declarações, o Banco Central quis enviar uma mensagem clara enfatizando que qualquer transação em que uma moeda digital esteja envolvida será considerada ilegal. As atividades publicitárias relativas a este tipo de ativo estão proibidas.
Além disso, as autoridades chinesas também anunciaram a proibição de qualquer tipo de apoio financeiro para novos projetos de mineração de criptomoedas.
Índia junta-se à guerra?
Na última semana de novembro, a Índia decidiu anunciar o fim das criptomoedas no país. O governo indiano pretende aprovar, nos próximos meses, um decreto que "proíbe a mineração e transação" deste tipo de criptoativos.
O executivo de Narendra Modi salientou, no entanto, citado pela imprensa internacional, a possibilidade de existirem "determinadas exceções de forma a promover o investimento estrangeiro no país em tecnologia blockchain".
À semelhança do que já acontece na China com o yuan digital, nos EUA, com o projeto "Hamilton", que visa a criação do dólar digital, e na União Europeia com o plano de estudos para o euro digital, o decreto de Nova Deli também pretende lançar uma moeda virtual emitida pelo banco central (CBDC na sigla inglesa).
O comunicado foi emitido uma semana depois de Shaktikanta Das, governadora do Banco Central indiano ter salientado que o "país precisa de discutir a questão das criptomoedas".