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Irão obrigado a suspender mineração de criptomoedas para evitar grandes apagões

As autoridades do país ordenaram, pela segunda vez este ano, a suspensão da atividade de mineração de criptomoedas, desta vez até 6 de março, de forma a aliviar a pressão que se sente sobre as centrais elétricas e evitar apagões em algumas regiões.

Reuters
Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt 28 de Dezembro de 2021 às 21:58

As criptomoedas continuam a pesar na conta da luz do Irão. As autoridades do país ordenaram, pela segunda vez este ano, a suspensão da atividade de mineração de moedas digitais, de forma a aliviar a pressão que se sente sobre as centrais elétricas e evitar os apagões que têm sido frequentes nos últimos tempos, em algumas regiões, de acordo com Mostafa Rajabi Mashhadi, diretor da empresa estatal Iran Grid Management, em entrevista à televisão pública de Teerão.

A informação foi confirmada pela Bloomberg junto do Ministério da Indústria e Energia do Irão.  De acordo com os dados avançados por Mashhadi, a medida vigora até ao dia 6 de Março de 2022 e vai garantir 209 megawatts de energia para consumo doméstico.

A par desta medida, similar à que foi imposta no início deste ano, o diretor da Iran Grid Management garantiu que o país iria intensificar o combate à mineração ilegal de criptomoedas, que representa a maior fatia da atividade no país - ao consumir 600 megawatts da eletricidade do Irão.

Desde que os mineradores foram expulsos da China, em maio, os EUA, Islândia, Noruega, Canadá e Cazaquistão tornaram-se a casa-mãe para este setor, segundo os dados do Cambridge Centre for Alternative Finance, o que levou a que alguns Estados, como a Islândia ou o Cazaquistão, impusessem medidas para restringir esta atividade.

Apesar desta dispersão, a mineração de criptomoedas, em especial a bitcoin, continua em alta.

Atualmente a taxa de "hash" da bitcoin - que mede os níveis de mineração da criptomoeda mais valiosa do mundo e que é medida entre Quilohash e Exahash – disparou para 172 milhões de "terahashes" por segundo, o valor mais alto desde maio, de acordo com dados divulgados pela Blockchain.com.

"A proibição da mineração na China apenas provocou uma mudança geográfica, pelo que vemos este [movimento] em direção a outros países, incluindo o Canadá e os Estados Unidos", comentou Jason Zaluski, responsável pelo departamento de tecnologia da Hut 8 Mining Corp, com sede em Toronto, contactado pela Bloomberg.

Os mineradores de bitcoin desempenham um papel crucial no mercado cripto porque cunham novas moedas e garantem a segurança da tecnologia subjacente, que conta com computadores potentes que resolvem equações matemáticas. Um hashrate mais alto significa que é mais difícil interromper uma rede cripto.

Os mineradores são incentivados a ligar o maior número possível de máquinas quando o preço da bitcoin sobe, o que explica em parte o ritmo da recuperação deste indicador.

Para Sam Doctor, diretor de estratégia da especialista em ativos digitais Bitooda, é provável que a mineração de bitcoin encerre o ano entre os 180 milhões e 190 milhões de terahashes por segundo. Esta previsão é acompanhada pelas estimativas dos principais "players" do mercado.

A Marathon Digital, uma mineradora cotada nos EUA, previu que atingiria níveis recordes de mineração até meados do próximo ano, depois de ter sido construída uma plataforma assente em energia renovável no Texas.

A Riot Blockchain, outra mineradora listada no Nasdaq, também aumentou as previsões de aumento da mineração no próximo ano, à medida que uma nova instalação no Colorado inicia funções.

Pequim vs bitcoin: uma luta sem tréguas à vista

Em setembro, o Banco Central Chinês (PBOC) intensificou a pressão sobre as criptomoedas, declarando oficialmente que todas as transações relacionadas com este tipo de ativos digitais são ilegais e devem ser proibidas.

Todas as transações relacionadas com criptomoedas, incluindo serviços prestados por "exchanges" no estrangeiro, para residentes em território chinês, passaram a ser consideradas atividades financeiras ilícitas.

Desta forma, a China deu o golpe final nas criptomoedas. Após vários avisos e declarações, o banco central quis enviar uma mensagem clara, enfatizando que qualquer transação em que uma moeda digital esteja envolvida será considerada ilegal. As atividades publicitárias relativas a este tipo de ativo estão proibidas.

Além disso, as autoridades chinesas também anunciaram a proibição de qualquer tipo de apoio financeiro a novos projetos de mineração de criptomoedas.

Índia junta-se à guerra?

Na última semana de novembro, a Índia decidiu anunciar o fim das criptomoedas no país. O governo indiano pretende aprovar, nos próximos meses, um decreto que "proíbe a mineração e transação" deste tipo de criptoativos.

O executivo de Narendra Modi salientou, no entanto, citado pela imprensa internacional, a possibilidade de existirem "determinadas exceções de forma a promover o investimento estrangeiro no país em tecnologia blockchain".

À semelhança do que já acontece na China com o yuan digital, nos EUA, com o projeto "Hamilton", que visa a criação do dólar digital, e na União Europeia com o plano em estudo para o euro digital, o decreto de Nova Deli também pretende lançar uma moeda virtual emitida pelo banco central.

O comunicado foi emitido uma semana depois de Shaktikanta Das, governadora do banco central indiano, ter salientado que o "país precisa de discutir a questão das criptomoedas".

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