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Putin e banco central russo divididos sobre mineração de criptomoedas
O banco central russo publicou um documento, onde defende a proibição da mineração de criptomoedas. Vladimir Putin e outras personalidades políticas analisam a questão de forma diferente.
O banco central russo emitiu um documento intitulado "Criptomoedas: tendências, risco e regulação", onde apelou para que fosse proibida a mineração das criptmoedas, apesar da oposição do presidente Vladimir Putin e de outras personalidades políticas.
Aquela autoridade monetária sublinhou que a mineração "representa uma ameaça para os cidadãos e para a economia", pois "cria uma procura gigante por infraestruturas, prejudicando a economia e o ambiente".
O relatório nota, no entanto, que existem diferenças substanciais entre os termos "blockchain", cujo investimento a instituição apoia, e "mineração", sendo que quanto a este último conceito a organização faz questão de frisar que condena sobretudo a "mineração intensiva", dando como exemplo a atividade geradora de bitcoin e ethereum.
"Em 2021, a mineração de bitcoin e ethereum levou à emissão de 78 milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera, a mesma quantidade que seria produzida por 15,5 milhões de automóveis", defende o relatório.
Vladimir Putin defende mineração
Segundo fontes próximas do Kremlin, contactadas pela Bloomberg, Vladimir Putin insistiu com o banco central para que este "acelerasse o enquadramento regulatório do mercado cripto", no entanto sem avançar com proibições de atividade.
Confrontado com a notícia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a dizer qual era a posição de Putin, mas acrescentou que o presidente "ordenou ao governo e ao banco central que resolvessem esta questão".
A Bloomberg refere, citando fontes, que o projeto de regulação que está em cima da mesa e que pode ser avaliado já esta semana por um grupo de trabalho constituído para o efeito "não exclui a mineração, mas restringe a atividade em algumas regiões da Rússia que já contam com muitos mineradores, como Irkutsk, Krasnoyarsk e Karelia".
Em outubro do ano passado, o chefe de Estado já tinha afirmado, durante uma conferência na Semana da Energia, que "o mercado cripto não é inútil e tem direito a existir", ainda que tenha admitido que "é muito cedo para julgar o desempenho das criptomoedas".
Quem também manifestou apoio a esta posição foi Dmitry Medvedev, ex-presidente russo, que no rescaldo da publicação do relatório do banco central, concedeu uma entrevista à agência TASS, referindo acreditar que "tanto o banco central como o governo da Federação Russa conseguirão lidar com esta questão bastante bem", frisando que "muitas vezes quando se tenta proibir algo, leva ao resultado oposto".