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Bitcoin nos 100 mil dólares? "Dinheiro barato" e "metaverso" são a resposta
As políticas monetárias dos bancos centrais em 2022 e o sucesso das apostas das grandes empresas, como o Facebook, no metaverso serão, segundo alguns analistas contactados pela Bloomberg, os principais factores que determinarão o comportamento da "criptoqueen".
Até que ponto o presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, está disposto a implementar uma política monetária "hawkish"? O que irá o Facebook fazer este ano? Para muitos analistas, as respostas a estas perguntas podem determinar se a bitcoin continuará o caminho em 2022 montada num touro, dando continuidade aos ganhos que obteve no ano passado, ou se por sua vez será atirada por um urso para um penhasco.
No útlimo trimestre do ano passado, Powell reconheceu a necessidade da antecipação de uma política de "tapering", durante o decorrer deste ano, enquanto que Andrew Bosworth, o novo diretor de IT do Facebook, afirmou que 2022 será decisivo para "aumentar a compatibilidade com a tecnologia blockchain, explorar as Organizações Autónomas Descentralizadas (na sigla inglesa DAO) e apostar em NFT (Non Fungible Tokens)".
Bitcoin em tendência "bullish"
"Ao que tudo indica a Bitcoin adotará no decorrer deste ano uma tendência bullish, com uma subida até aos 90 mil dólares, após a qual a cotação sofrerá uma correção de mercado", opinou Katie Stockton, fundadora e gestora da Fairlead Strategies LLC, uma das especialistas contactadas pela Bloomberg sobre o futuro da "criptoqueen".
A especialista acredita que as apostas de grandes empresas no metaverso, como é o caso do Facebook, é o que mais motivará a subida do preço da bitcoin: "O metaverso é uma confusão cósmica, é o fenómeno que está a entusiasmar os investidores em 2022 e que irá ditar a cotação das principais criptomoedas".
Dinheiro barato ameaça bitcoin
Já Antoni Trenchev, sócio do credor cripto Nexo, é da linha que defende que " política monetária dos bancos centrais é o fator número um que termina a ascensão ou a queda da cotação de um ativo".
Para Trenchev, "há sinais de que o dinheiro barato veio para ficar, algo que tem implicações enormes para as criptomoedas". "Como a Fed não tem o estômago ou espinha dorsal para resistir a um colapso de 10% a 20% na bolsa de valores, assim como a uma reação adversa no mercado obrigacionista, tudo indica que este será um ano agitado para a bitcoin", defende o empresário.
Porém, o analista acredita, com base em vários indicadores de análise técnica, como o recurso ao "momentum", que a "bitcoin poderá chegar aos 100 mil dólares até junho de 2022". Por outro lado Trenchev não adivinha a mesma sorte para outras "criptostars" de 2021, como Solana e Avalanche, que registaram subidas semanais de quatro dígitos. "Será um ano de ascensão sobretudo para a ethereum e bitcoin", acrescenta.
Já Jeffrey Halley, analista sénior de mercados na Oanda Asia Pacific, é mais prudente nas suas previsões. Em entrevista à Bloomberg destaca que "2022 será um ano de continuidade de crescimento para as criptomoedas, ainda que o ambiente macroeconómico seja mais desafiante este ano".
"O principal desafio será a normalização das taxas de juro, por parte da Fed e de outros bancos centrais, o que poderá motivar os investidores a virarem-se para outros ativos, o segundo maior desafio será a regulação, que se se concretizar em 2022, poderá limitar o crescimento deste mercado", explicou o analista.
No ano passado, a administração norte-americana deu o primeiro passou no sentido de regular as criptomoedas, ao aprovar um documento com as "conclusões preliminares" sobre o mercado dos criptoativos. Em outubro, Jerome Powell assegurou perante o Congresso dos EUA, "que as criptomoedas não serão banidas mas sim colocadas sob a alçada das leis".
No "velho continente", a Comissão Europeia apresentou uma proposta para o MiCA (sigla inglesa para European Commission’s Regulation of Markets in Crypto-assets), um regulamento que irá reger este mercado no bloco europeu.
Apesar da pandemia, das proibições da China e das oscilações provocadas pelos tweets de Elon Musk, 2021 foi um ano de crescimento para o mercado dos ativos virtuais. O destacado Bloomberg Galaxy Cypto Index (BGCI), um dos mais respeitados índices de criptoativos do mundo cresceu 201%, desde janeiro até ao passado dia 3 de dezembro.
Segundo as previsões da Bloomberg, inscritas no "Global Cryptocurrencies 2022 Outlook", no próximo ano, a proliferação de tecnologias revolucionárias, como as Stablecoins- ativos virtuais, cuja cotação está diretamente relacionada com o preço de outro ativo - e dos NFT (Non Fungible Tokens) será um trampolim para um crescimento nos preços.
Para os analistas da Bloomberg há sinais claros de que também a bitcoin será favorecida pelo novo cenário macroeconómico em 2022. Os especialistas apontam para uma linha de suporte na ordem dos 50 mil dólares, e uma linha de resistência no patamar dos 100 mil dólares.
"A bitcoin ainda enfrentará fortes ventos, esperando-se uma continuidade na queda da cotação, mas tudo indica que as políticas de "tapering" dos bancos centrais irão favorecer a longo prazo a criptomoeda", pode ler-se no relatório.
O relatório observa que a bitcoin consegiu ultrapassar as grandes adversidades que surgiram durante este ano, apontando para uma perspetiva "Bullish" em 2022. "Ultrapassando a proibição da China sobre mineração e transação das criptmoedas, a maioria dos mineradores mudaram-se para locais mais seguros, como os EUA e o Canadá", escrevem os especialistas.
Para a Bloomberg, "é uma questão de tempo, até que a bitcoin chegue ao patamar dos 100 mil dólares". "Um potencial caminho para a bitcoin [num futuro não datado] é estabilizar num patamar em que vale 100 vezes a onça do ouro (cerca de 170.000 euros)". Os analistas não negam, no entanto, que depois deste fenómeno é bem provável que se registe mais uma queda cíclica.
Esta terça-feira a bitcoin segue a cair 0,19% para 46.862,91 dólares.