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FTX: Alameda Research tinha passivo de 9 mil milhões, mas não era uma "crise", diz ex-CEO
Esta segunda-feira, Sam Bankman-Fried regressou a tribunal. As relações com a Binance, as viagens ao Médio Oriente e a Washington e o "buraco" da Alameda Research estão a ser os principais temas do depoimento do ex-CEO.
O ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, regressou esta segunda-feira a tribunal para voltar a testemunhar diante do júri e do juiz Lewis Kaplan.
O empresário avançou que o braço de investimento e "research" do grupo Alameda Research tinha um passivo de 10 mil milhões de dólares (9,4 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual, para com a FTX.
Para Bankman-Fried, este valor não é "grande" nem "pequeno", mas apenas o suficiente para na altura ter merecido a sua análise. "Senti que precisava fazer uma análise mais aprofundada", explicou o ex-CEO.
Assim, "senti que se [o passivo] tivesse sido muito mais pequeno eu não me teria preocupado. Se tivesse sido muito maior, eu teria classificado [a situação] como uma crise", frisou.
Apesar deste "buraco", o ex-CEO acreditava que a Alameda Research "estava solvente", de tal modo que foi ao Médio Oriente para reunir com fundos soberanos, para que estes assumissem o papel de investidores na FTX.
"Se a Alameda estivesse insolvente, isso na minha mente seria um problema significativo. A minha ideia era que [a Alameda] detinha cerca de 10 mil milhões de dólares em valor líquido de ativos", rematou o ex-criptomilionário.
A relação de "gelo" com a Binance e o "lobby" em Washington
Ainda questionado sobre a viagem ao Médio Oriente para angariar novos investidores, Bankman-Fried considerou que esta foi "muito bem-sucedida".
"A maior concorrente da FTX era a Binance e a Binance era a maior corretora de criptomoedas do mundo", recorda o empresário, sublinhando que a plataforma liderada por Changpeng Zhao (CZ) tem uma grande presença na região, de tal modo que CZ conta uma casa no Dubai.
"Ao viajar para o Médio Oriente, eu estava a perturbar a Binance, a pisar o seu território", acrescentou o empresário, que considera que "a relação entre a FTX e a Binance era gelada".
Ainda no que diz respeito à plataforma concorrente da FTX e o seu homólogo CZ, Bankman-Fried defende que os levantamentos dos clientes da FTX "aumentaram de forma massiva", depois da publicação de Changpeng Zhao na rede social X (antigo Twitter).
No "post", o líder da Binance - que ainda tentou resgatar a FTX, mas que acabou por não o fazer por considerar a plataforma pouco viável - anunciou que a empresa iria vender 500 milhões de dólares em FTT, o token da FTX.
Durante a audiência, Bankman-Fried reconheceu mesmo que terá "viajado demais" durante o ano crítico para a FTX, 2022. O local mais visitado? Washington DC, onde o ex-CEO do grupo cripto se reuniu com reguladores e decisores políticos, de acordo com o próprio empresário.
Em dezembro do ano passado, a Bloomberg já tinha avançado que Bankman-Fried reuniu com Steve Ricchetti, um dos principais conselheiros do presidente Joe Biden, e outros colaboradores da Casa Branca.