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Ex-CEO da FTX reconhece que cometeu "erros grandes e pequenos" e que sabia pouco sobre cripto

Depois da acusação é a vez da defesa de Sam Bankman-Fried apresentar os argumentos e provas. Na quinta-feira, o empresário foi presente a juiz e esta sexta-feira está diante do júri. O ex-CEO continuou a recusar os crimes que lhe são imputados, ainda que tenha admitidos erros de gestão.

Sam Bankman-Fried deverá ser presente ao juiz Lewis Kaplan no próximo dia 3 de janeiro, em Manhattan.
Justin Lane/Epa
27 de Outubro de 2023 às 19:39
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O ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, reconheceu esta sexta-feira em tribunal que cometeu "erros pequenos e grandes" na gestão do grupo cripto, mas voltou a recusar todas as acusações, inclusivamente de fraude, de que é alvo pelo Ministério Público.

"Sim, eu cometi um número de pequenos e grandes erros", reconheceu o ex-cripto multimilionário, citado por vários órgãos de comunicação social que estiveram presentes na sala de audiências. Já quando questionado se tinha "defraudado alguém" ou desviado os fundos dos clientes, ambas as respostas foram um claro "não".

Depois de um período em que a acusação teve a oportunidade de apresentar a sua argumentação e provas, a palavra foi agora entregue à defesa.

Esta quarta-feira os advogados de Bankman-Fried enviaram uma carta ao juiz Lewis Kaplan onde manifestaram a intenção de o ex-CEO romper o silêncio (que é um direito do arguido) e responder às questões colocadas pela Justiça.

Na quinta-feira, o empresário testemunhou apenas, tendo em conta a matéria probatória, diante do juiz, e esta sexta-feira declara-se diante do júri e dos magistrados.

Durante a audiência o empresário, que chegou a ser um dos maiores criptomilionários do mundo, chegou mesmo a afirmar que não sabia muito sobre o que eram as criptomoedas antes de lançar a FTX e a Alameda Research.

"Eu não tinha, absolutamente, ideia nenhuma de como é que as criptomoedas funcionavam", afirmou Bankman-Fried, quando questionado pelo seu advogado Mark Cohen. "Eu só sabia que eram coisas em que se podia investir".

A defesa de FTX recorreu ainda ao argumento do crescimento rápido para tentar ripostar as acusações contra o ex-CEO da plataforma, tendo lembrado que entre 2019 e 2022 o volume de negociação das criptomoedas cresceu cerca de 10 vezes.

Bankman-Fried frisou que "não" esperava este crescimento. A apresentação dos argumentos e provas da defesa do ex-CEO surgem depois de semanas em que foi a vez de acusação apresentar estes elementos.

Entre as testemunhas que estão do lado do Departamento de Justiça estão uma ex-namorada de Bankman-Fried e ex-CEO da Alameda Research, Caroline Ellison, e o ex-colega de quarto no MIT e  ex-"chief technology officer" (CTO) da FTX, Gary Wang.

Tanto Caroline Ellison como Gary Wang declararam-se culpados dos crimes de que foram acusados pelo Ministério Público – ao contrário de Bankman-Fried – e comprometeram-se a colaborar com a Justiça.

Entre as informações que surgiram com o testemunho da ex-CEO da Alameda destaca-se a alegação de ter sido o próprio Bankman-Fried a insistir para que a FTX contraísse empréstimos junto da plataforma cripto Genesis, oferecendo o "token" FTT como garantia, o que levou a compras em massa por parte da Alameda deste criptoativo, de forma a evitar a sua desvalorização.

A ex-CEO da Alameda confirmou ainda que foram utilizados fundos de clientes entre o círculo íntimo de Bankman-Fried. O ex-CEO terá "dito para utilizar os fundos, mas para manter o dinheiro na FTX".

Já o antigo CTO Gary Wang revelou que o fundo de garantia da FTX foi calculado tendo por base o número de transações realizado num período de 24 horas, que por sua vez foi multiplicado por "um número aleatório que ronda os 7.500" e dividido por mil milhões. O Ministério Público questionou se este valor "tinha alguma coisa a ver com o número real do fundo de garantia". A resposta de Wang foi clara: "não".

Os saldos dos clientes eram "aproximadamente iguais" ao que estava nas carteiras – exceto uma conta da Alameda com um saldo negativo de cerca de 8 mil milhões de dólares, que foi excluído da lista de saldos dos clientes. "A FTX não tinha ativos suficientes para [responder aos] levantamentos dos clientes", rematou Wang.

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