Notícia
Malparado volta a aumentar em Março
O crédito de cobrança duvidosa na carteira dos bancos nacionais voltou a aumentar em Março e atingiu o valor mais elevado desde Novembro do ano passado.
As instituições financeiras tinham, no final de Março, 18 mil milhões de euros em empréstimos de difícil recuperação, revelam os dados do Banco de Portugal, publicados esta terça-feira. Este valor inclui o malparado relativo a particulares e a empresas e compara com os 17,98 mil milhões de euros relativos ao mês anterior.
É nas empresas que o crédito de cobrança duvidosa é mais expressivo. Atingiu os 12,91 mil milhões de euros em Março, ligeiramente acima dos 12,9 mil milhões de euros relativos a Fevereiro. De todo o financiamento concedido a empresas, 16% está dado como malparado. Esta é mesmo a percentagem mais elevada desde Novembro do ano passado.
Quanto aos particulares, o montante de crédito de cobrança duvidosa supera os cinco mil milhões de euros, o que representa 4,30% do total emprestado. Por segmentos, continua a ser o crédito para outros fins aquele em que a percentagem de créditos de difícil recuperação é mais elevada: do total de dinheiro emprestado, 15,3% está dado como malparado, o que compara com os 15% do mês anterior.
Em relação ao crédito ao consumo, o montante de crédito de difícil recuperação ascende a 1,11 mil milhões de euros, ou 9,16% do total emprestado. No mês anterior, esta percentagem tinha sido de 9,29%.
Também no crédito à habitação, o malparado recuou ligeiramente de 2,543 mil milhões de euros para 2,538 mil milhões de euros. Este valor representa 2,62% do total concedido para a compra de casa. Esta é a percentagem mais elevada desde que há registo, tendo em conta que o "stock" de financiamento para a compra de casa tem vindo também a recuar.
Os montantes elevados de crédito malparado continuam, assim, a ser um dos principais problemas do sector financeiro nacional. António Costa, primeiro-ministro, deu recentemente início à discussão sobre este tema, revelando a intenção de criação de um veículo de resolução para o malparado de modo a libertar o sistema financeiro para o financiamento à economia.
Em meados de Abril, o primeiro-ministro revelou que a solução "não passa necessariamente por um banco mau, há várias soluções possíveis" e que o Governo "está a trabalhar com a unidade de missão" e com as entidades reguladoras para fechar o modelo. Adiantou ainda que este modelo poderá surgir em Junho.