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Comissão Europeia pede solução para o crédito malparado em Portugal
Os bancos portugueses continuam com níveis elevados de crédito de cobrança duvidosa, um problema que tem que ser resolvido, diz a Comissão Europeia.
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Apesar da banca portuguesa ter alcançado resultados líquidos em 2015, os elevados níveis de crédito malparado estão a penalizar os resultados e os rácios de solvência do sector.
A conclusão é da Comissão Europeia e está expressa no relatório da terceira avaliação pós-programa. "Os bancos continuam a ter uma elevada e crescente exposição ao crédito malparado, activos hipotecados e activos imobiliários problemáticos", refere Bruxelas, acrescentando que esta "fonte de problemas tem que ser resolvida".
O crédito malparado atingiu 12,9% do total no terceiro trimestre de 2015, um aumento face aos 12% registados no período homólogo e os 11,2% verificados no terceiro trimestre de 2013.
Para enfrentar este problema, o Governo português está a estudar a criação de um "banco mau" para agrupar os activos tóxicos, estando a olhar para o modelo adoptado por Itália como fonte de inspiração.
A propósito do crédito mal parado, Bruxelas assinala que atingiu 2,6% no total nos empréstimos para habitação, 10,7% no crédito ao consumo e 16,3% nas empresas. Do total de 13,5 mil milhões de euros de crédito malparado, dois terços foi concedido a micro-empresas, 20% a pequenas empresas e apenas 1% a grandes companhias.
A Comissão Europeia destaca a exposição excessiva da banca no crédito de cobrança duvidosa às empresas. Neste âmbito, Bruxelas pede uma "abordagem mais corajosa" à desalavancagem das empresas, complementando com medidas já no terreno, como o aumento do nível de provisões e liquidação mais rápida dos activos problemáticos.
No mesmo relatório, Bruxelas afirma que apesar de o sector financeiro em Portugal permanecer relativamente estável, os desenvolvimentos mais recentes, como a resolução do Banif e a transferência de obrigações do Novo Banco para o BES, "influenciou a confiança dos investidores internacionais".
Acrescenta que a necessidade de a banca portuguesa gerar capital a partir de fontes internas representa um "desafio", sobretudo devido ao ainda elevado nível de exposição ao mercado angolano, o que "para alguns grupos financeiros pode representar um fardo em termos de alocação de capital".