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Comércio português teme que atual crise leve a instabilidade social

Os líderes associativos dos setores do comércio, da distribuição e automóvel alertaram para o cenário de crise vivido pelo mercado. Lobo Xavier garante que "não haverá rutura de produtos", já Vieira Lopes abre a porta à "instabilidade social".

Bruno Colaço
22 de Março de 2022 às 12:44
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Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), assegurou, durante uma conferência da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) subordinada ao tema do crédito ao consumo, que "não haverá rutura de produtos", ainda que tenha admitido que "seja evidente que há problemas nas cadeias de distribuição".

"Vemos comportamentos inexplicáveis por parte da população. O fenómeno do óleo de girassol começou há três semanas. De repente temos consumidores a entrarem nas nossas lojas, e quem não consume este produto passa a comprar, devido à gestão das expectativas", alertou o diretor-geral da APED.

Já João Vieira Lopes (na foto), presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) frisou que a situação que vivemos é uma tempestade perfeita. "O BCE tentou atrasar esta subida (das taxas de juro) mas é inevitável".

"Temos a crise nas cadeias de abastecimento e isto em cadeia, seja na logística ou produção, acaba por ter um efeito multiplicado. A nossa perspetiva não é muito otimista, vai haver uma retratação do consumo", alertou o líder associativo.

Vieira Lopes alertou para "um cenário para instabilidade social, como se viu em Espanha".

O líder associativo aproveitou ainda o momento para tecer críticas contra o Governo, esclarecendo que as empresas não conseguem acompanhar a subida dos preços não por não quererem, mas por uma questão de conjuntura. "Neste momento é impossível o nosso tecido empresarial acompanhar o crescimento da inflação. Isto não é uma questão voluntarista nem é uma postura dos empresários, como dizem determinados atores políticos", frisou Vieira Lopes.

"Temos das fiscalidades mais gravadas da Europa"

Quando a palavra coube a Hélder Pedro, o presidente da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) lembrou que o setor atravessa uma crise de escassez, devido à falta de componentes, gerada pela dependência de grande produtores "como a China, responsável por 95% do magnésio mundial".

Hélder Pedro sublinhou ainda que o setor em Portugal está a ser afetado pelo peso da fiscalidade. "Por norma os países exportadores na UE tem uma fiscalidade mais leve o que não acontece em Portugal". 

O líder associativo lembrou ainda que a "indústria automóvel adaptou-se às novas metas climáticas, mas a realidade é que da parte dos poderes públicos não existe esta correspondência, basta ver as redes de carregamento [de veículos elétricos] que ainda são escassas".

Helder Pedro deixou ainda uma crítica ao governo de António Costa que "foi dos poucos países da Europa onde não houve qualquer tipo de apoio à renovação do parque automóvel".
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