A Volkswagen pode vir a não distribuir dividendos relativos a 2015 aos seus accionistas devido aos custos com a resolução de conflitos emergentes do "dieselgate", o escândalo de manipulação de emissões de gases nocivos desencadeado pelas autoridades ambientais nos Estados Unidos.

De acordo com uma notícia de terça-feira da agência alemã DPA, citada pela Associated Press, ainda não há uma decisão tomada, mas "não há sinal de que os accionistas tenham sequer a esperança de receber um único cêntimo" em dividendos, noticiou a DPA citando um membro não identificado do comité de supervisão da empresa.

Já analistas contactados pela Bloomberg antevêem um cenário mais optimista – um corte de mais de metade no valor entregue por acção, que passaria para os 2,37 euros.

"Eles têm condições para suportar um pagamento aos accionistas", afirmou Sascha Gommel, do Commerzbank, à Bloomberg, notando no entanto que o valor será "substancialmente reduzido devido aos custos reflectidos até ao final do ano". No terceiro trimestre do ano passado, o construtor teve de colocar de lado 6.700 milhões de euros para fazer frente a custos com o "dieselgate" – entre processos judiciais e reparação de veículos afectados. Só nos EUA, a empresa arrisca uma coima que é duas vezes este valor.

À AFP, um porta-voz da empresa recusou comentar a notícia e remeteu para 28 de Abril, data em que a empresa deverá apresentar os seus resultados anuais - depois de em Fevereiro a divulgação ter sido adiada também em virtude do escândalo das emissões. 

No caso de não haver pagamento, esta seria a primeira vez em seis anos que o fabricante automóvel de origem alemã deixaria por distribuir dividendos. No ano passado a Volkswagen remunerou os seus accionistas com uma distribuição de 2.300 milhões de euros, pagando 4,86 euros por acção preferencial e 4,8 por acção ordinária.

Os títulos da Volkswagen negoceiam pouco alterados às 13:22 em Frankfurt, somando 0,08% para 113,03 euros.