Notícia
Vencedores e perdedores nos mercados em 2018
O último trimestre do ano foi duro para os investidores. Petróleo e bolsas mundiais entraram em “bear market”. Mas no acumulado do ano, há quem tenha conseguido escapar às quedas. Conheça os vencedores e os perdedores de 2018 no que aos mercados bolsistas diz respeito.
Jamaica: a bolsa que mais subiu
Variação: +25%
A bolsa da Jamaica foi a que mais valorizou no mundo. O índice de referência jamaicano apreciou quase 25% em 2018, liderando assim o retorno conseguido entre os índices bolsistas mundiais. A segunda bolsa que mais valorizou foi a do Qatar, com a subida a ascender a 21%. Mas o ano não foi de "sonho" para as bolsas. Entre os 94 principais índices bolsitas apenas cinco conseguiram fechar o ano com ganhos, tendo em consideração a variação medida em dólares.
Argentina: a bolsa que mais perdeu
Variação: -50%
O principal perdedor, no que aos índices acionistas diz respeito, foi a Argentina. O índice bolsista argentino perdeu mais de metade do seu valor ao longo dos últimos 12 meses. Não muito distante surge o principal índice turco, com uma queda de quase 45%.
Iene destacou-se entre as principais moedas
Variação: +2,4%
A divisa que mais apreciou em 2018 foi a rupia das Seychelles, ao apreciar 3,5%. Mas uma das grandes vencedoras do ano foi o iene, num período em que a incerteza dominou o mercado e levou a que os investidores procurassem alguma segurança. Na Europa, o Brexit e Itália foram os principais focos de instabilidade. Enquanto a guerra comercial dominou os EUA e a China. Neste contexto, os investidores protegeram-se no iene, que esteve entre as poucas moedas que conseguiram valorizar-se contra o dólar.
Dólar o activo refúgio
Variação: +3%
Num ano marcado por crises nos mercados emergentes, guerra comercial, fortes desvalorizações nos mercados bolsistas e queda abrupta do petróleo, bem como a subida de juros nos EUA, o dólar foi usado por muitos investidores como o porto seguro. Não está entre as moedas que mais subiu no ano, mas é uma das grandes vencedoras de 2018. Ainda que no final do ano, depois de a Reserva Federal dos EUA ter recuado nas perspectivas de subidas de juros no próximo, a moeda americana tenha perdido algum entusiasmo. A subida de 3% do índice da Bloomberg para o dólar é a mais acentuada desde 2015.
Peso argentino perde metade do seu valor
Variação: -50%
A Argentina foi um dos emergentes em crise. O que penalizou fortemente a moeda do país. A Argentina precisou mesmo de recorrer a uma nova ajuda financeira por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI). O que obrigou a medidas orçamentais mais apertadas aplicadas pelo Governo argentino, liderado por Mauricio Macri. Para defender a moeda o banco central da Argentina chegou a subir a taxa de juro para 60%. Já a moeda perdeu metade do seu valor face ao início do ano.
Bitcoin da euforia às quedas acentuadas
Variação: +70%
As criptomoedas viveram um ano negro. Depois de se ter aproximado dos 20 mil dólares no final do ano passado, a bitcoin, a moeda digital mais conhecida do mundo, afundou mais de 70%. Uma "guerra civil" no mercado de criptomoedas – com os mineiros da bitcoin cash a dividirem a moeda por não se entenderem - foi um dos factores que mais pesaram, mas não foi o único. A regulação ou a ausência dela, bem como a diminuição da confiança dos investidores nestes activos justificam as quedas acentuadas das moedas digitais. A bitcoin é apenas o espelho do que se viveu neste mercado em 2018.
Altri foi a “estrela” do PSI-20
Variação: +12%
O ano foi marcado por quedas generalizadas na bolsa nacional. A Altri escapou, tendo fechado o ano com uma valorização de 12%. Isto num ano de grande volatilidade. A empresa co-liderada por João Borges e Paulo Fernandes – este último também CEO da Cofina, dona do Negócios – chegou a registar uma subida superior a 60% desde o início do ano. Mas o último trimestre foi duro para os investidores.
OPA segura EDP
Variação: + 11,60% (EDP Renováveis)
+ 5,68% (EDP)
2018 ficará marcado pela subida de apenas três cotadas no PSI-20. Além da Altri, só o grupo EDP conseguiu fechar no verde, num ano que foi marcado pelo lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP e sobre a EDP Renováveis. A operação decorre, sem grandes novidades, com as ações da empresa liderada por António Mexia a valerem actualmente menos de 6% do que a contrapartida oferecida pela China Three Gorges (CTG). Já a EDP Renováveis continua acima da oferta (15%), algo que já acontecia antes do lançamento da mesma.
Mota-Engil foi a “derrotada”
Variação: -56%
A presença da Mota-Engil em países como a África do Sul e Brasil acabou por ser penoso para a empresa liderada por Gonçalo Moura Martins. As crises que assolaram vários países emergentes, como a Argentina, Turquia, África do Sul e o Brasil, foram demolidoras para muitas cotadas com exposição a estes países, bem como a outros, já que os receios de que a crise dos emergentes ganhasse dimensões maiores cresceram.
SAD do Benfica com o maior retorno da bolsa nacional
Variação: +47%
O desempenho das acções da SAD do Benfica destoa do desempenho da equipa de futebol. Esta foi a cotada portuguesa que mais subiu na bolsa nacional, num ano em que o Futebol Clube do Porto "roubou" o penta à equipa da Luz, no final do campeonato 2017/2018, e em que é o líder na nova época desportiva, com quatro pontos de distância. Apesar deste contexto, as ações da SAD do Benfica somaram 47%, tornando-se assim na cotada portuguesa com o melhor desempenho em 2018. O F.C. Porto conseguiu um ganho de 6%. Já a SAD do Sporting somou cerca de 9%, num período marcado por polémicas, pelo ataque a Alcochete, que provocou a saída de vários jogadores e por novas eleições.
SAG a perdedora
Variação: -67,5%
A maior perdedora da bolsa nacional foi a SAG, depois de a empresa, que através da SIVA distribui marcas do Grupo Volkswagen em Portugal, ter apresentado prejuízos elevados e ter emitido um alerta sobre o seu futuro. A empresa de João Pereira Coutinho está a negociar há meses a venda da sua participada SIVA, mas além de ainda não ter conseguido concretizar o negócio deixou claro que o seu futuro está em risco, o que provocou descidas acentuadas no valor das ações. Em 2018, a empresa afundou quase 70%.
Ocado quase duplica de valor
Variação: +99%
Depois de um arranque de ano em que muitos investidores estavam a apostar na queda das acções da retalhista online britânica, a Ocado surpreendeu e fechou 2018 com uma valorização superior a 90%. Muito devido aos contratos que conseguiu celebrar com vários supermercados mundiais, dos EUA, passando por França e Canadá.
Adyen uma estreia risonha
Variação: +98%
A Adyen é uma empresa de pagamentos e é uma das estrelas de 2018. Estreou-se em bolsa em junho e o desempenho é assinalável, tendo praticamente duplicado de valor nestes seis meses de negociação. A Adyen tem conseguido atrair clientes como a ebay, o que tem ajudado no comportamento dos títulos em bolsa, sendo a cotada que mais apreciou no último ano entre os 600 membros do Stoxx600.
AMS uma das “vítimas” da Apple
Variação: -73%
A suíça AMS, fabricante de sensores ópticos para telemóveis, foi das primeiras fornecedoras da Apple a alertar os investidores para um futuro menos optimista. A empresa emitiu um alerta no dia 23 de Outubro, prevendo que a margem de lucro diminuísse no último trimestre do ano. Tudo devido a uma menor procura do que estava a ser antecipado, isto num período marcado por menor procura pelos iPhone. Num só dia, as ações chegaram a cair mais de 30%. E não conseguiram recuperar, bem pelo contrário. No acumulado do ano, a AMS foi a cotada do Stoxx600 que mais perdeu (73%).
Pandora com o pior ano desde a sua estreia
Variação: -61%
A maior fabricante de jóias do mundo não teve um ano animador. Foi mesmo o pior desde 2010, ano em que se estreou em bolsa. Parte da queda superior a 60% acumulada este ano tem como principal razão o receio dos investidores em relação a 2019. Muito porque a empresa decidiu só apresentar as suas previsões para o próximo ano na mesma altura em que revela os resultados de 2018, ou seja, em fevereiro. E os analistas não estão confiantes. Dos 17 analistas que seguem a Pandora, apenas cinco continuam a recomendar a compra destas ações. Há um ano eram 15 os analistas com uma recomendação de comprar.
FAANG do “bull market” ao “bear market”
Variação: -0,15%
O sector tecnológico foi um dos principais responsáveis pelo "bull market" vivido nos EUA, mas este ano acabou por pesar no sentido oposto, em especial no final de 2018. O índice FANG, cujo nome vem das primeiras letras do Facebook, Amazon, Netflix e Alphabet (dona do Google), afundou, entre julho e novembro, mais de 20%, atingindo assim, o "bear market".
Este índice é composto por 10 cotadas ( Facebook, Amazon, Netflix , Alphabet, Alibaba, Apple, Tesla, Nvidia, Twitter e Baidu), tendo duas delas chegado a atingir o bilião de dólares de valor de mercado (Apple e Amazon). Mas o ano acabou por não ser assim tão dourado como se antevia.
Microsoft passou a ser a maior cotada do mundo
Variação: +18%
A Microsoft conseguiu este ano um feito silencioso. Subiu aos poucos e, num ano em que a Apple e a Amazon atingiram o patamar do bilião de dólares, conseguiu destronar todas as cotadas e ascender ao pódio das cotadas mais valiosas do mundo. E está longe de valer um bilião de dólares. A Microsoft completa assim sete anos de valorizações em bolsa, tendo apreciado mais de 18% em 2018. E não escapou às quedas recentes. Ainda assim, bastante inferiores às das suas rivais, o que a permitiu superar todas as outras.
Tilray dispara à boleia da canábis
Variação: +340%
A farmacêutica canadiana estreou-se em bolsa em julho. A entrada no mercado avaliou a empresa em 17 dólares. Em setembro, cada ação chegou a tocar nos 300 dólares. Mas foi apenas um dia. Depois disso, as ações já "encolheram" mais de 76%. Ainda assim, a subida desde a sua estreia em bolsa é expressiva. Valendo actualmente pouco mais de 75 dólares, as ações dispararam 340%.
O ano em que o paládio superou o ouro
Variação: +19%
O paládio foi um dos destaques do ano. Com uma subida de quase 20% este metal precioso chegou a superar o ouro já em dezembro, valendo actualmente quase o mesmo. O paládio já não valia mais do que o ouro desde 2002. Este feito foi conseguido essencialmente devido a dois fatores: o défice de oferta do paládio – usado sobretudo nos catalisadores automóveis para redução das emissões poluentes – e a fraqueza do ouro enquanto "ativo refúgio".
Os ursos atacam o petróleo
Variação: -19%
O final do ano foi marcado por quedas acentuadas dos preços do petróleo. Em outubro, o barril do Brent – negociado em Londres e referência para Portugal – chegou a negociar acima dos 86 dólares e desde então o vermelho tem sido a cor de eleição. A pressionar a negociação desta matéria-prima tem estado o aumento das reservas de crude dos EUA, numa altura em que os receios de que a oferta seja superior à procura aumentam. Sobretudo porque os indicadores económicos apontam para um abrandamento da economia mundial, o que ditará menores consumos.