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Bolsas mundiais viveram o pior ano numa década

As bolsas europeia e norte-americana mergulharam naquele que foi o pior ano desde 2008. A incerteza em torno do Brexit e a crise orçamental em Itália pressionaram, mas foi a guerra comercial entre EUA e China que mais investidores afastou das acções.

Reuters
31 de Dezembro de 2018 às 18:30
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O ano está prestes a terminar e já há uma certeza: foi um dos piores para o mercado bolsista mundial. Tanto na Europa, como nos EUA, os investidores vão recordar 2018 como o pior ano numa década. Na Ásia, foram vários os biliões que se perderam num período marcado por uma guerra comercial entre EUA e China com consequências que devem continuar a sentir-se no ano novo.  

 

O índice de referência europeu, o Stoxx 600, acumula perdas de 13,2% desde o mês de Janeiro. Já o Euro Stoxx 50, o índice que agrega as 50 maiores empresas na Zona Euro, e no qual se inclui a Sanofi ou a Siemens, manteve-se sempre perto de entrar em "bear market", naquele que foi o pior ano em sete anos. Desde o início do ano, a queda é inferior s 8%.

 

No Velho Continente, muitas questões em torno da política europeia penalizaram e devem continuar a fazê-lo em 2019. Uma das incertezas é o acordo do Brexit, depois de a votação no parlamento ter sido adiada pela primeira-ministra britânica e reagendada para meados de Janeiro.

 

De acordo com a Bloomberg, muitos deputados dentro do partido de May não acreditam no sucesso da votação e já estão a considerar outras opções, nomeadamente um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
Além do Reino Unido, Itália também continua a estar na agenda dos investidores. Apesar de o país ter conseguido chegar a acordo com Bruxelas sobre o orçamento, os desafios económicos persistem.  

 

"É uma combinação de nervosismo, receios em torno do crescimento e, em particular, incerteza sobre o Brexit. A liquidez é muito baixa e os riscos políticos são mais severos para a Europa", afirmou Ulrich Urbahn, responsável pela estratégia de activos da Berenberg, à Bloomberg. "A esperança é que os mercados encontrem um fundo", acrescentou.

 

Há, contudo, um outro motivo que tem influenciado grande parte destas perdas dos mercados mundiais: a guerra comercial entre EUA e China. Uma questão que vai continuar por resolver no próximo ano e que deverá dominar a negociação. Os responsáveis dos dois países têm uma reunião agendada para 7 de Janeiro.  

 

Neste contexto, as acções em Wall Street registaram fortes oscilações, passando rapidamente de quedas acentuadas para recuperações sem precedentes. Ainda assim, o S&P 500 registou o pior mês de Dezembro desde 1931 e o desempenho anual mais fraco desde 2008. Há ainda o "fantasma" do "shutdown" nos EUA. Ou seja, a paralisação parcial da administração Trump por falta de financiamento, que continua por resolver. 

 

Bolsa chinesa é a pior do mundo em 2018

 

Se a guerra comercial penalizou as bolsas europeia e norte-americana, o impacto foi ainda mais acentuado nos mercados asiáticos. A tensão entre os dois países "limpou" 2,4 biliões de dólares ao valor das acções chinesas, naquela que é a perda mais elevada de sempre, de acordo com os dados da Bloomberg. 

 

Desde o início do ano, o Shanghai Composite Index (SCI) acumula uma queda de 25%. Estas perdas atiram o índice de referência para o pior desempenho entre os maiores índices mundiais.
Já no caso do Japão, as acções registaram o pior desempenho anual desde 2011. Em termos acumulados, o índice Topix perdeu 18%, com as retalhistas e farmacêuticas a serem as principais responsáveis pelo mau desempenho.

 

Por todas estas razões, os investidores afastaram-se este ano das acções mundiais. Um cenário que os mais optimistas acreditam que pode mudar em 2019. Os analistas acreditam que a "salvação" dos mercados virá dos bancos centrais, que serão obrigados a reagir à descida célere da liquidez. Para tal, terão de moderar o ritmo de normalização da política monetária. Algo que as entidades, como foi o caso da Reserva Federal dos EUA, já começaram a fazer e devem manter neste ano que está prestes a começar.

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