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Ultrapassar 1 euro "não tem qualquer significado" para BCP
Os analistas não antecipam grandes novidades com a fusão de 75 acções do BCP a não ser a maior visibilidade do título junto de institucionais. O fundamental para o banco é a concretização do investimento chinês.
"Ultrapassar a barreira de um euro não tem qualquer significado, não vemos aí qualquer suporte ou resistência", comenta o director de negociação do Banco Carregosa. Ao preço de fecho desta quarta-feira, juntar 73 acções do BCP, que encerraram nos 15,1 cêntimos, resultaria numa cotação de 1,1325 euros.
As acções do BCP não têm evoluído favoravelmente desde que se soube que a gestão queria avançar com um "reverse stock split", perdendo 62% da cotação desde Março. Depois da alteração legislativa promovida pelo Governo para que a operação tivesse condições para avançar, e depois de a cúpula do banco ter dado o seu aval, as acções reagiram em alta. Na quarta-feira, chegaram a subir 4,67% embora tenham terminado o dia a somar apenas 0,67%, ou 0,1 cêntimos.
O impacto positivo que poderá decorrer deste reagrupamento de acções só será sentido quando for concretizado, a 24 de Outubro. A operação "poderá, eventualmente, ter algum impacto em termos psicológicos em alguns investidores particulares", adianta Albino Oliveira, ainda que, acrescenta, "na prática" nada mudará. João Queiroz, por sua vez, acredita que, pelo menos, dá mais "visibilidade" junto de investidores qualificados já que alguns estão barrados por o BCP ser uma "penny stock" (acção que negoceia em cêntimos).
Mais novidades sobre o banco liderado por Nuno Amado só no futuro. "Fundamental para o sentimento do título em bolsa continuará a ser a confiança do mercado relativamente à base de capital", indica o analista da Patris Investimentos. O importante, diz, é "o banco passar a contar com um novo accionista com capacidade financeira". A Fosun segue em conversas exclusivas com a equipa de Nuno Amado.
A opinião é partilhada por João Queiroz: "O grande atractivo para o BCP é a entrada de dinheiro." E essa não deverá trazer grandes problemas, já que "deverá existir um forte entendimento, e possivelmente acordos" entre a Fosun e a ainda maior accionista do BCP, a Sonangol.
A Fosun impôs sete condições para entrar no BCP. Duas estão preenchidas: a fusão de acções e a clarificação sobre os custos do Novo Banco. Em aberto estão cinco requisitos, como a luz verde do BCE.
Luz verde do BCE é condição decisiva
A Fosun só entra no BCP com "a aprovação por parte do supervisor bancário da aquisição de uma participação qualificada e a conclusão de reuniões e/ou discussões com a Comissão Europeia". A luz verde do BCP é a condição decisiva para a operação.
Subir limite de votos e entrar na gestão
O grupo chinês exige que o BCP suba o limite de votos de 20% para 30% e a eleição de dois administradores indicados pela Fosun. O banco não deverá levantar obstáculos a estas condições. Formalmente, a aceitação só pode ser formalizada no acordo final.
Fosun não paga mais de 0,02 euros
A Fosun não aceita pagar mais de 0,02 euros por acção na colocação privada que abre a porta do BCP. Ajustado à fusão de acções, o preço máximo é de 1,5 euros.
Negócio blindado contra catástrofes
O grupo chinês não fará negócio perante uma "alteração material adversa que afectem o BCP ou a transacção". É uma protecção em caso de catástrofe.