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SDC dispara 13% depois de anúncio de despedimento colectivo na Soares da Costa

Para os trabalhadores da Soares da Costa, o despedimento colectivo é uma má notícia. "Não nos roubem o Natal", pedem. Para os investidores, nem por isso. O despedimento significa corte de custos e pode render valor à empresa. Em bolsa, a accionista minoritária da construtora disparou.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Dezembro de 2015 às 16:54
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As acções da SDC Investimentos, empresa que controla 33% da Soares da Costa, subiram 13% com o corte de 500 postos de trabalho na sua participada, que foi ontem anunciado.

 

Os títulos chegaram a ganhar 35% nesta quinta-feira mas o ganho no fecho do dia acabou por ser mais tímido (12,9% exactamente), fechando nos 0,35 euros. A subida ocorre depois de três dias de quebras. O índice de referência da Bolsa de Lisboa, o PSI-20, marcou um aumento de 1,23%.  

 

A valorização aconteceu num dia de forte troca de acções, o que mostra uma pressão compradora das acções. Foram transaccionadas 984 mil acções quando a média dos últimos seis meses se encontra em 333 mil títulos movimentados. É o volume mais elevado desde o início de Novembro.

 

A SDC Investimentos detém 33% da Soares da Costa Construção, empresa que foi vendida pelo empresário Manuel Fino quando esta necessitou de uma capitalização. A Soares da Costa era controlada pelo empresário Manuel Fino que, no entanto, passou a ser minoritário quando a construtora precisou da injecção de 70 milhões de euros, feita pelo empresário angolano António Mosquito em 2014. Assim, o empresário angolano passou a deter 67% do capital, estando os restantes 33% na mão da SDC Investimentos, controlada pelo português.

 

A Soares da Costa Construção é o principal activo da SDC Investimentos e a indicação de que vai aliviar a sua estrutura de custos é, na óptica dos accionistas, uma boa notícia. São menos encargos que permitem compensar a descida das receitas que se tem vivido no sector. Daí que, na expectativa de um equilíbrio do negócio mais representativo para a SDC Investimentos, as acções tenham tendência a subir, como é normal neste tipo de processos de despedimento.

 

No caso da Soares da Costa, os trabalhadores souberam da decisão através de uma comunicação feita pelo presidente executivo da empresa, Joaquim Fitas, justificando o processo de despedimento colectivo com a "estagnação do mercado da construção" em Portugal e com o facto de, em Angola, "quebra de receitas relacionadas com a produção petrolífera [ter reduzido] significativamente os níveis de investimento público e privado". A empresa está a abandonar mercados como Brasil e Roménia, neste momento.

 

O grupo conta com perto de 4.300 trabalhadores, o que faz com que o processo de despedimento colectivo afecte mais de 10% da estrutura do grupo. Brasil, Angola e Moçambique deverão ser os afectados. "Para salvar 4 mil vamos ter de sacrificar 500", disse ontem ao Negócios o responsável pela empresa.


Como contou a Lusa, em faixas colocadas nos estaleiros da empresa, são feitos pedidos à gestão da construtora: "Não nos roubem o Natal"; "Os nossos filhos têm direito ao Natal". Os funcionários pedem um travão ao processo

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