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SDC mais que triplica de valor em três sessões com troca de 7% do capital

Apesar dos prejuízos no primeiro semestre, e dos capitais próprios negativos, a SDC Investimentos está em máximos de Agosto de 2015. As acções estão a disparar mais de 50% esta terça-feira. A principal accionista aproveitou para vender acções.

Bruno Simão/Negócios
03 de Outubro de 2017 às 11:49
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Estão a ser adquiridas acções da SDC Investimentos a preços mais elevados do que os da oferta pública de aquisição que deu o controlo da empresa aos seus gestores. As acções da accionista minoritária da Soares da Costa Construções já mais do que triplicaram de cotação em apenas três sessões, sem que haja informações relevantes. O presidente executivo, e accionista, António Castro Henriques, admite que possam estar em causa operações com "natureza especulativa".

 

"A subida abrupta da cotação parece resultar de um movimento de mercado de natureza especulativa", comentou, por e-mail, o líder da SDC Investimentos quando questionado pelo Negócios, na segunda-feira. Para além disso, rejeitou que houvesse quaisquer novidades sobre as hipóteses que estão pela frente da empresa, agora centrada no imobiliário: "Não há nenhum facto relevante da empresa 'pendente de anúncio'; não há nenhuma decisão tomada acerca de eventual aumento de capital por conversão de créditos".

 

As acções da SDC Investimentos - estão, esta terça-feira 3 de Outubro, a disparar 50,85% para 8,9 cêntimos. Durante a sessão, já chegaram a disparar 61% para valerem 9,5 cêntimos. É esta cotação que mais do que triplica os valores a que fechou na sessão de quinta-feira: 2,8 cêntimos. Na sexta, somou 32% e na segunda 59%.

 

Estes avanços na bolsa portuguesa – num dia em que o índice PSI-20, de que a SDC não faz parte, está em máximos de 2015 – conduziram a empresa, cujo maior accionista é a Investéder (dos gestores da SDC António Castro Henriques e Gonçalo Andrade Santos) a cotações inéditas desde Junho de 2015. Cotações em que toca apesar de, no primeiro semestre, a "holding" ter apresentado 15,7 milhões de euros de prejuízos, dispondo de capitais próprios negativos de 84,9 milhões de euros (diferença entre activo e passivo). A OPA através da qual a Investéder ficou com o controlo da SDC teve como contrapartida 2,7 cêntimos. 

 

Não é fácil encontrar motivos para a subida da SDC Investimentos tendo em conta que é uma cotada com reduzida dimensão (aliás, um dos motivos para que os seus gestores até a quisessem retirar de bolsa), o que afasta o seu acompanhamento por parte dos analistas.

 

7% troca de mãos

 

É certo que as sociedades cotadas em cêntimos (as chamadas "penny stocks") têm movimentações mais abruptas – ainda há dias o Negócios mencionou as empresas fora do PSI-20 que, este ano, estão a valorizar em força –, mas a subida da SDC está a ser dinamizada por uma invulgar troca de acções.

 

Já foram trocadas mais de 6 milhões de acções esta terça-feira, depois de ontem terem sido transaccionadas 3,3 milhões e, na sexta, 2,9 milhões. Ao todo, estão em causa cerca de 12 milhões de títulos negociados em três sessões, o que quer dizer que trocaram de mãos mais de 7% do capital da SDC Investimentos.

 

Gestores aproveitam

 

Quem contribuiu para esta movimentação foi a própria Investéder. Na sexta-feira, esta sociedade alienou 500 mil acções da SDC Investimentos. "Estas transacções foram realizadas no mercado regulamentado (Euronext Lisbon), no dia 29 de Setembro de 2017, e as acções alienadas tiveram como valor de referência unitário de € 0,036471", indica o comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). 

 

Ou seja, a Investéder, que comprou na OPA a 2,7 cêntimos, vendeu a um preço mais elevado. Tendo adquirido todo este bloco a 2,7 cêntimos, e tendo em conta o preço médio de venda, terá havido uma mais-valia de 4,7 mil euros (a aquisição custou 13,5 mil euros, a venda rendeu 18,2 mil).


Mesmo alienando estes títulos, a Investéder continua a ser a principal accionista, a larga distância, com 76,998% dos direitos de voto da antiga Soares da Costa.

 

Na CMVM, estas oscilações abruptas têm de ser acompanhadas pela equipa que segue as evoluções do mercado, mas não houve qualquer conclusão pública. 

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