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Pressão de Loeb leva Nestlé a recomprar 20 mil milhões de francos em acções próprias
Um dia depois de o investidor activista ter instado a Nestlé a mudar a sua forma de gestão, a empresa suíça anunciou um programa de recompra de acções no valor de 20 mil milhões de francos suíços.
A Nestlé anunciou esta terça-feira, 27 de Junho, que vai avançar com um programa de recompra de acções próprias num montante de 20 mil milhões de francos suíços (cerca de 18,4 mil milhões de euros). Trata-se de um movimento estratégico, levado a cabo pelos executivos da empresa suíça, que surge como resposta à pressão exercida esta segunda-feira pelo polémico investidor activista, Dan Loeb, que criticou a "cultura rígida" de gestão da gigante alimentar.
De acordo com um comunicado divulgado esta tarde pela Nestlé, a recompra de acções será iniciada no dia 4 de Julho e o programa prolongar-se-á até 2020. Será a primeira recompra de acções desde o programa implementado em 2014, o que evidencia que a reversão da política de gestão mais recente do CEO da empresa, Mark Schneider, será alterada em função das crítica do fundador do "hedge fund" Third Point.
Ainda em Fevereiro, na primeira aparição pública enquanto CEO da empresa, Mark Schneider garantia que a recompra de acções estava distante de ser uma prioridade para a Nestlé que, pelo contrário, apostaria em reinvestir nos negócios da gigante alimentar e no pagamento de dividendos aos accionistas.
Esta inversão na política de gestão da Nestlé assemelha-se ao verificado depois de a Kraft Heinz ter visto a oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Unilever falhar. Na sequência desse processo, a empresa anglo-holandesa anunciou a recompra de 5 mil milhões de euros em acções.
Ontem, Dan Loeb, detentor de uma posição no capital social da Nestlé avaliada em 3,5 mil milhões de euros, apontado como o maior investimento de sempre de Third Point. Loeb tem cerca de 40 milhões de acções da Nestlé, representativas de apenas 1,3% do capital da firma suíça que, por sua vez, tem um valor de mercado de 263 mil milhões de dólares.
Além de defender a recompra de acções, Loeb sugeriu outras alterações estratégias, entre as quais se destaca a sugestão de alienação da participação detida pela Nestlé na firma de cosméticos L’Oreal.