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Os ursos já chegaram ao Nasdaq e Dow não aguentou os 23.000 pontos

O medo está a acelerar o movimento de venda generalizada nas bolsas e em Wall Street esse cenário é flagrante. Os principais índices norte-americanos voltaram a perder terreno e chegaram a afundar em torno dos 3%. O tecnológico Nasdaq já perde 20% desde o último máximo antes de começar a cair, ou seja, já está em "bear market".

Reuters
20 de Dezembro de 2018 às 21:09
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O Dow Jones fechou a sessão desta quinta-feira a cair 2,02% para 22.853,29 pontos, não conseguindo assim aguentar o patamar dos 23.000 pontos.

 

Já o Standard & Poor’s 500 recuou 1,58% para 2.467,37 pontos. O Dow e o S&P 500 estão em território de correcção, já que perdem mais de 10% face aos últimos máximos, e aproximam-se a passos largos do terreno dos ursos.

 

Por sua vez, o tecnológico Nasdaq Composite desvalorizou 1,63% para 6.528,41 pontos, a cair 19,73% face ao último máximo deste ano, marcado a 30 de Agosto nos 8.133,30 pontos. Entrou assim em "bear market" durante a sessão, ao perder mais de 20%.

Os três grandes índices norte-americanos chegaram a afundar em torno de 3%, numa jornada de forte volatilidade, mas conseguiram fechar com quedas menores.

Por seu lado, o índice Russell 2000, que regista o desempenho das empresas de menor capitalização [small caps], já está em "mercado urso" desde inícios desta semana.

 

Além dos receios em torno das tensões comerciais Washington-Pequim e em torno da desaceleração económica mundial, Wall Street reagiu mal, na sessão de ontem, ao facto de a Reserva Federal norte-americana ainda prever mais dois aumentos das taxas de juro em 2019 – quando os investidores contavam com uma atitude menos branda, à espera mesmo de uma pausa nas subidas dos juros directores.

Os analistas de mercado temem que a Fed esteja a cometer um erro ao continuar a elevar em 2019 a taxa dos fundos federais, que ontem subiu em mais 25 pontos base (o quarto aumento deste ano e o nono desde que o banco central deu início - em Dezembro de 2015 - à via da normalização da política monetária). 

 

Hoje, a acrescer a tudo isto, foram os receios em torno de um "shutdown" que vieram agravar o movimento generalizado de vendas (sell-off).

 

No passado dia 11 de Dezembro, o presidente dos EUA disse que teria "orgulho" em encerrar os serviços públicos nacionais se a sua pretensão orçamental do muro na fronteira com o México não fosse atendida. "Serei eu a provocar a paralisação [dos serviços públicos]. E terei orgulho em encerrar os serviços governamentais a bem da segurança na fronteira", declarou.

 

A última vez que tinha havido perigo de "shutdown" (encerramento dos serviços governamentais) foi em Fevereiro passado. E aconteceu mesmo, com os serviços públicos do país a paralisarem durante três dias. Ao terceiro dia de "shutdown", os legisladores norte-americanos acabaram por delinear um acordo para a reabertura dos serviços do governo federal.

 

Agora, uma vez mais, a Câmara dos Representantes e o Senado dos EUA (ambas as casas do Congresso) têm de aprovar um projecto de lei que permita que as agências federais do país possam continuar a ser financiadas, evitando assim um "shutdown" a partir desta sexta-feira.

 

Mas Trump tem a última palavra e ameaça vetar se não conseguir o financiamento que pretende para o ambicioso muro na fronteira com o México. Recorde-se que a lei de financiamento do Estado federal norte-americano abrange várias áreas, da Agricultura à Defesa, e a sua aprovação evita uma paragem dos serviços públicos por falta de dinheiro.

Tudo isto tem preocupado bastante os investidores, que se mostram cautelosos nas suas aplicações em activos de risco. O índice de volatilidade VIX (também conhecido como o índice do medo) disparou hoje para o mais alto nível desde Fevereiro.

As praças em Wall Street caminham assim para o seu pior mês de Dezembro desde a Grande Depressão de 1931. São 87 anos. 

Os investidores estão a fugir sobretudo de acções de maior risco, tendo a Tesla perdido 4%, a JCPenney afundado 10% e o Twitter mergulhado 13% (foi a maior perda diária desde Julho). 


O sector tecnológico foi, de novo, um dos mais pressionados. Além das conhecidas FAANG (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google [detida pela Alphabet]), outras cotadas do sector foram bastante castigadas esta quinta-feira. A GoPro (a afundar 6,75% no fecho, para 4,28 dólares) e a Snap (que é dona do Snapchat e encerrou a cair 6,20% para 5,07 dólares) atingiram mínimos históricos.

Há, no entanto, analistas que consideram que os investidores estão a exagerar na sua reacção, especialmente quando se espera que amanhã seja anunciado um crescimento do PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre.

"Seria preciso uma recessão para justificar um 'bear market'. E não vejo que estejamos perto de uma recessão", comentou à CNN Business o principal estratega do JPMorgan Funds, David Kelly.

(notícia actualizada às 21:47)

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