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Europa aproxima-se de "bear market" naquele que pode ser o pior ano numa década

Tensão comercial entre EUA e China, incerteza em torno do Brexit e dúvidas sobre Itália mantiveram as acções europeias sob pressão. O Velho Continente está a caminho do pior ano desde 2008.

21 de Dezembro de 2018 às 13:02
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Falta mais de uma semana até ao final do ano, mas é praticamente oficial: as acções europeias vão registar o pior ano desde 2008, de acordo com a Bloomberg. Isto num cenário em que dominam os receios em torno de um possível abrandamento da economia global. 

 

O índice de referência europeu, o Stoxx 600, está a recuar 0,36% para 335,37 pontos na última sessão da semana, elevando a queda desde o início do ano para 14%. Já o Euro Stoxx 50, o índice que agrega as 50 maiores empresas na Zona Euro, e no qual se inclui a Sanofi ou a Siemens, está cada vez mais próximo de entrar em "bear market", no pior ano em sete anos -- recua 0,51% para 2.984,89 pontos. 

 

Este desempenho das praças do Velho Continente demonstram quão frágil está o sentimento dos investidores.  Nem mesmo as notícias de que a China vai implementar mais estímulos consegue retirar os mercados desta maré negativa, com os futuros dos EUA a apontarem para mais um dia perdas em Wall Street.
Há vários motivos para estas quedas expressivas, nomeadamente a tensão entre os EUA e a China, que voltou a aumentar depois de as autoridades chinesas terem exigido a Trump que retirasse uma acusação de espionagem contra responsáveis de Beijing. Além disso, há ainda o "fantasma" do "shutdown" nos EUA. Ou seja, a paralisação parcial da administração Trump por falta de financiamento.  

 

Porém, os EUA não são o único factor de pressão para Europa. No Velho Continente, muitas questões em torno da política europeia penalizaram e devem continuar a fazê-lo em 2019. Uma das incertezas é o acordo do Brexit, depois de a votação no parlamento ter sido adiada pela primeira-ministra britânica e reagendada para meados de Janeiro.

 

De acordo com a Bloomberg, muitos deputados dentro do partido de May não acreditam no sucesso da votação e já estão a considerar outras opções, nomeadamente um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

Além do Reino Unido, Itália também continua a estar na agenda dos investidores. Apesar de o país ter conseguido chegar a acordo com Bruxelas sobre o orçamento, os desafios económicos persistem.  

 

Por todas estas razões, os investidores afastaram-se este ano dos títulos europeus. E esta fuga não dá sinais de abrandar. Na semana terminada a 19 de Dezembro, saíram 5,4 mil milhões de dólares das acções europeias, de acordo com o Bank of America Merrill Lynch.

 

Maré vermelha também no petróleo

Contudo, o mercado accionista não foi o único a sofrer quedas acentuadas este ano. Os receios em torno de um abrandamento global também afectaram os preços do petróleo nos mercados internacionais.

 

Na última semana, as cotações do "ouro negro" recuaram cerca de 10%. E hoje esta desvalorização está a agravar-se, com o Brent, negociado em Londres, a cair 2,69% para 52,89 dólares, enquanto o WTI, em Nova Iorque, perde 1,44% para 45,22 dólares.  

 

Desde que atingiram máximos de vários anos no início de Outubro, os preços da matéria-prima já perderam mais de um terço do seu valor, naquela que é a descida mais acentuada em três anos. A pressionar segue o aumento da produção de petróleo nos EUA e a incerteza em relação à eficácia do acordo alcançado pela OPEP para reduzir a oferta.

Para Stephen Innes, responsável pela negociação na região Ásia Pacífico da OANDA, "dizer que as coisas estão um pouco negativas é um grande eufemismo".

 

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