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Liquidez na bolsa nacional caiu 50% no final de 2018

A saída de algumas cotadas contribuiu para a forte queda do valor negociado no mercado português, explica o regulador do mercado de capitais.

Miguel Baltazar/Negócios
Raquel Godinho rgodinho@negocios.pt 24 de Abril de 2019 às 14:00

A liquidez negociada na bolsa de Lisboa caiu para metade no quarto trimestre do ano passado face aos três meses anteriores, revela o "Risk Outlook" da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), publicado esta quarta-feira. A saída de algumas cotadas ao longo do ano passado bem como a descida das cotações justificou esta evolução.

"No mercado português, o valor das ações negociadas desceu gradualmente desde o início do ano: no quarto trimestre de 2018 representou uma descida de 50,2% quando comparado com o trimestre anterior", refere o relatório do regulador do mercado de capitais. O mesmo documento relembra que, ainda que tenha havido uma oferta pública inicial (IPO, na sigla anglo-saxónica) no Euronext Access, não houve outras operações.

"A saída de algumas cotadas durante o ano de 2018 (Luz Saúde, Banco BPI, SDC Investimentos, Sumol+Compal e a exclusão das ações do Banco Santander do mercado português), juntamente com a descida dos preços, contribuiu para a menor atividade de negociação", explica a entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias. Simultaneamente, duas novas cotadas começaram a negociar no final de 2018, Fexdeal (Euronext Lisbon) e Farminvest (Euronext Access).

A CMVM adianta ainda que, tanto em 2017 como em 2018, o valor das ações vendidas por residentes em Portugal na Euronext Lisbon foi superior ao valor das ações compradas. "Apesar das compras líquidas positivas dos não residentes, os dois últimos anos testemunharam uma pressão vendedora no mercado acionista português", frisa a CMVM.


Ao contrário do que aconteceu em Lisboa, o valor das ações negociadas nos principais mercados internacionais continuou a crescer. "Em particular, o S&P500 e o DAX 30 registaram os maiores aumentos no valor negociado (31,9% e 21%, respetivamente até ao final de dezembro), enquanto no IBEX 35 o valor das ações transacionadas continua a cair", realça o regulador.


Ainda sobre o mercado nacional, o regulador relembra a estreia da fintech Raize, em julho do ano passado, cuja operação contou com a participação de investidores de retalho e institucionais. Mas outras operações foram canceladas em 2018, como os IPO da Sonae MC e da Science4You e o aumento de capital da Vista Alegre.


"A turbulência nos mercados de capitais internacionais foi frequentemente apontada pelos responsáveis destas empresas como a principal razão para estes cancelamentos", lembra a CMVM que acrescenta que, por todo o mundo, aumentou o número de operações adiadas ou canceladas, neste período. Mas "estes acontecimentos podem aumentar a incerteza dos investidores e ter um impacto negativo no sucesso de ofertas subsequentes", alerta o regulador.


Para promover o acesso das empresas ao mercado de capitais, a CMVM lembra que vai reduzir as taxas de supervisão no primeiro ano a novas empresas admitidas à cotação e que "foram instituídos novos procedimentos em 2018 para a análise e aprovação dos prospetos, o que permite que os prazos para a aprovação dos prospetos sejam encurtados", conclui.

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