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Gross rejeita obrigações e acções, prefere ouro e imóveis
O gestor de activos Bill Gross recomenda que os investidores comprem ouro e imóveis e evitem a maioria das acções e títulos de dívida, que, segundo ele, estão com preços exagerados.
"Eu não gosto de obrigações; eu não gosto da maioria das acções; eu não gosto de investimentos em participações", escreveu o responsável pelo Janus Global Unconstrained Bond Fund, que gere 1,5 mil milhões de dólares em activos.
"Activos reais, como terrenos, ouro, fábricas e equipamentos tangíveis negociados com desconto são categorias de activos que privilegio", afirmou na sua publicação mensal sobre a perspectiva de investimentos, divulgada na quarta-feira.
As preocupações de Gross são partilhadas por gestores como Tad Rivelle, do TCW Group, e Howard Marks, do Oaktree Capital Group LLC, que citam os recordes das bolsas e os juros historicamente baixos das obrigações num contexto de desaceleração económica. "Venda tudo", declarou Jeffrey Gundlach, da DoubleLine Capital, à Reuters na semana passada. "Nada está com cara boa neste campo", acrescentou.
O fundo gerido por Gross proporcionou um retorno de 4% este ano, até 1 de Agosto, superando 69% dos seus pares acompanhados pela Bloomberg. Entre as maiores aplicações do fundo, em 30 de Junho, estavam acções da SABMiller Plc, títulos de dívida da Ally Financial Inc. e da Ford Motor Credit Co. e dívida soberana do México e Argentina. Praticamente metade dos recursos investidos no fundo vem da fortuna gerada por Gross. O fundo acumula retornos de 3% desde que ele assumiu as rédeas em Outubro de 2014, após ter deixado a Pacific Investment Management Co.
Gross também supervisiona o Old Mutual Total Return USD Bond Fund, com 335 milhões de dólares em activos sob gestão, que está sediado na Irlanda e acumula um retorno de 6,6% este ano excluindo taxas, comparado com um ganho de 4,6% para o Pimco Total Return Fund, que Gross geriu durante décadas e que chegou a ser o maior fundo de gestão de activos do mundo.
"Demasiado risco para pouco retorno"
O gestor de 72 anos tem reiterado opiniões cautelosas à medida que os mercados avançam. "Os juros da dívida soberana em mínimos recordes não compensam o risco e, portanto, não estão no topo da minha lista de compras neste momento; é demasiado arriscado", afirmou Gross numa nota divulgada na terça-feira pela Old Mutual Global Investors. "Juros baixos significam que as obrigações estão especialmente vulneráveis porque um pequeno aumento pode trazer uma acentuada queda do preço", sublinhou.
Na perspectiva para Agosto que divulgou na nota para os clientes da Janus Capital Group Inc., Gross destacou que o sistema financeiro não vai ruir imediatamente. Chegará uma altura "em que os activos de investimento representarão demasiado risco para pouco retorno", considerou.
Os juros baixos já prejudicam as taxas de retorno de bancos, seguradoras, fundos de pensões e aforradores particulares, de acordo com Gross.
Os bancos centrais ainda não chegaram a uma fórmula para envidarem os seus esforços - que não se mostram eficazes - no sentido de estimular as economias por meio da compra de dívida soberana e outros activos. "As ‘promessas’ dos bancos centrais de venderem a dívida de volta ao mercado privado são só isso – promessas. Promessas que não podem ser cumpridas", escreveu.
De acordo com o gestor, o crescimento nominal tem de alcançar 4% a 5% nos EUA, 3% a 4% na Europa e 2% a 3% no Japão, caso contrário a economia global "irá regredir para um esquema de pirâmide financeira que acabará por implodir".