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EUA impedem "roubo da sua tecnologia" e afundam bolsas
As tensões comerciais entre os Estados Unidos e outras economias-chave continuam a fazer mossa nas bolsas de todo o mundo. Em Wall Street, há mais de dois meses que os principais índices não caíam tanto numa só sessão.
O Dow Jones fechou a recuar 1,33% para 24.252,80 pontos e o Standard & Poor’s 500 perdeu 1,37% para 2.717,07 pontos.
Por seu lado, o índice tecnológico Nasdaq Composite cedeu 2,09%, a valer 7.532,01 pontos.
O intensificar de ameaças no âmbito das tensões comerciais que opõem os Estados Unidos a grandes economias, como a China e a União Europeia, voltou assim a fazer estragos no sentimento dos investidores.
As bolsas do outro lado do Atlântico registaram as quedas mais acentuadas em mais de dois meses e o sector que mais penalizou foi o tecnológico.
Isto porque o Departamento norte-americano do Tesouro está a definir restrições que irão impedir que as empresas que tenham pelo menos 25% de capital accionista chinês possam comprar companhias norte-americanas, afirmou um responsável da Casa Branca citado pela Reuters.
O secretário norte-americano do Tesouro, Steven Mnuchin, veio lançar mais achas na fogueira ao desmentir aquela informação. Isto porque escreveu numa mensagem no Twitter que essas restrições não se aplicarão especificamente à China, "mas a todos os países que estão a tentar roubar a nossa tecnologia".
On behalf of @realDonaldTrump, the stories on investment restrictions in Bloomberg & WSJ are false, fake news. The leaker either doesn’t exist or know the subject very well. Statement will be out not specific to China, but to all countries that are trying to steal our technology.
— Steven Mnuchin (@stevenmnuchin1) 25 de junho de 2018
O sub-índice tecnológico do S&P 500 afundou 3%, naquela que foi a sua maior queda em quase três meses.
Por seu lado, o índice de semicondutores de Filadélfia mergulhou 3,7%, com as acções das fabricantes de microchips a afundarem, uma vez que grande parte das suas receitas provêm da China.
Outro destaque pela negativa foi o da fabricante de motas Harley-Davidson, que encerrou a sessão a afundar 5,97% para 41,57 dólares, depois de ter chegado a cair mais de 7%.
A Harley Davidson anunciou hoje que vai transferir parte da sua produção dos EUA [ou seja, as motorizadas que exporta para a União Europeia] para outros países, de forma a evitar as tarifas impostas pela UE desde a passada sexta-feira (e que incluem motas de alta cilindrada) em retaliação contra as medidas proteccionistas de Donald Trump.
Os investidores receiam que outras fabricantes norte-americanas tomem decisões similares, o que penalizará fortemente a economia dos Estados Unidos.
Trump ameaçou "retaliar contra a retaliação" da União Europeia, impondo tarifas adicionais – desta vez à entrada de automóveis provenientes do bloco europeu. Mas hoje a Moody’s já veio alertar para o impacto global da medida, já que esta afectará também as fabricantes dos EUA.
Foi isso que aconteceu, por exemplo, com a soja norte-americana, que é o maior produto de exportação agrícola dos Estados Unidos para a China e que foi de imediato incluída na lista de Pequim em reacção às tarifas aduaneiras da Casa Branca sobre o aço e alumínio chinês.