O PSI-20 cai 3,32% para 5.623,21 pontos, com 18 acções em queda e uma inalterada, sendo esta última o BES, cuja negociação está suspensa desde sexta-feira, 1 de Agosto. Isto numa altura em que o principal índice bolsista já só é composto por 19 acções, depois da expulsão da ESFG do PSI-20. Caminho idêntico terá o BES, que deverá ser excluído deste índice na próxima segunda-feira, 11 de Agosto.

Entre os congéneres europeus a tendência é igualmente de queda, com os principais índices a caírem mais de 1%, num dia em que foram divulgados alguns dados económicos que fizeram soar alguns alarmes, entre eles o facto de a indústria alemã ter registado uma queda inesperada das encomendas, devido à crise política que envolve a Rússia e a Ucrânia, e a queda do PIB italiano, cuja economia voltou a entrar em recessão.

A queda dos índices é também provocada pela descida do sector bancário, numa altura em que o Stoxx para a banca europeia a perder mais de 2%.

E é precisamente o BES, e os desenvolvimentos em torno do banco, que está a pressionar o sector bancário português. Em causa está o modelo de resgate do BES. O banco foi dividido em dois, o "bom" e o "mau". Os accionistas do antigo BES passaram a ser detentores do "bad bank", o que significa que, por agora, perderam tudo, ainda que possam vir a recuperar parte das perdas após a liquidação do banco mau e consequente venda de activos. Esta perda por parte dos accionistas está a minar a confiança dos investidores que já ontem reflectiram nas bolsas os receios de que surjam "novos" BES.

Já o Novo Banco ficou com os depósitos e créditos bons do banco. Esta instituição vai receber uma injecção de 4,9 mil milhões de euros. Sendo que o bolo maior será injectado a partir do fundo de recapitalização da banca, constituído no âmbito do resgate financeiro. Mas o Estado empresta dinheiro ao fundo de resolução da banca e será o fundo a capitalizar o Novo Banco. O que significa que são os bancos os responsáveis por este empréstimo. Caso o banco liderado por Vítor Bento seja alienado por um valor inferior a 4,9 mil milhões serão os bancos a pagarem o remanescente. E, de acordo com uma análise do BPI, quanto mais depressa for vendido maior será a probabilidade dos bancos perderem dinheiro.

Estes desenvolvimentos estão assim a pesar a negociação bolsista do sector financeiro nacional. As acções do BCP afundam 7,83% para 9,54 cêntimos, O BPI recua 4,89% para 1,304 euros e o Banif cede 7,06% para 0,079 cêntimos.

Em forte queda está também a Mota-Engil, ao perder 5,37% para 4,23 euros. As acções da construtora mantêm assim a toada de queda verificada desde que anunciou a interrupção da oferta pública inicial da unidade africana. A decisão foi anunciada a 11 de Julho e justificada com a "deterioração das condições de mercado", provocada já na altura pela situação do Grupo Espírito Santo (GES) e pela incerteza em torno do BES.

A pressionar o índice está também a Portugal Telecom, ao perder 5,03% para 1,454 euros, no dia em que já foram conhecidos os resultados da Oi, tendo sido revelado que a PT Portugal registou no segundo trimestre deste ano uma melhoria no EBITDA (cash flow operacional), devido, explica a empresa, a um melhor desempenho do lado das receitas e a uma maior contenção de custos.

Ainda no sector das telecomunicações, a Nos deprecia 3,50% para 4,05 euros.

As quedas são assim generalizadas. No sector energético, a EDP recua 3,63% para 3,296 euros, a EDP Renováveis cai 2,68% para 5,016 euros, a Galp perde 1,68% para 12,62 euros e a REN cede 1,49% para 2,583 euros.