Foram duas horas agitadas aquelas que o Banco Espírito Santo e o Espírito Santo Financial Group viveram esta sexta-feira. Estiveram suspensas, voltaram à negociação pelas 14h30, estiveram praticamente sempre em queda e assim terminaram o dia.

O BES recuou 3,72% para negociar nos 0,879 euros, tendo chegado a afundar mais de 5%. A instituição financeira fechou em níveis de Maio (preço ajustado do aumento de capital) que, por sua vez, correspondem às cotações das acções praticadas em Outubro passado.

As ordens, quando as acções voltaram a negociar, foram em elevado volume, pelo que a variação da cotada foi intensa. Foram trocados 56,7 milhões de títulos do banco ainda liderado por Ricardo Salgado quando a média em cada sessão dos últimos seis meses se fixa nos 22,5 milhões. Foi o volume mais elevado no mês de Junho.

Também Espírito Santo Financial Group, que detém uma participação de 25,1% no banco, afundou 6,04% para os 2,597 euros, a queda mais elevada de toda a sessão. O volume também superou o normal: mais de 164 mil acções a trocarem de mãos, mais do que a média de 111 mil.

As variações das duas sociedades do Grupo Espírito Santo, nomeadamente o banco, intensificou as perdas do PSI-20. O índice de referência da Bolsa de Lisboa deslizou 1,36%.

As acções estiveram suspensas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que não permitiu a negociação dos títulos do BES e do ESFG enquanto não fosse divulgada informação relevante.

Isto porque ontem, 19 de Junho, o Diário Económico e o Expresso diário avançaram que administração do BES vai renunciar ao mandato. Sem confirmação oficial, as acções foram suspensas até que fosse divulgada informação relevante. Essa informação chegou ao público pelas 14h00, pelo que às 14h30 a negociação inicia-se.

O Espírito Santo Financial Group convocou uma assembleia geral para 31 de Julho de 2014 onde porá à vontade dos accionistas a proposta de conselho de administração. O deputado do PSD Paulo Mota Pinto será o presidente do conselho de administração do banco, da qual farão parte Isabel Maria Bernardino e a ex-secretária de Estado Ana Rita Barosa.

Como noticiado durante a manhã, o nome de Amílcar Morais Pires, até aqui administrador financeiro, foi aprovado pelo ESFG para ser proposto como o próximo presidente executivo do BES, cargo até aqui ocupado por Ricardo Salgado, que sai na sequência das irregularidades no braço não financeiro do Grupo Espírito Santo de que é acusado de ter conhecimento há vários anos.

Ricardo Salgado irá liderar um novo órgão estatutário (cuja criação terá de ser aprovada pelos accionistas), denominado conselho estratégico, que irá assistir a administração na definição da estratégia societária.