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Benfica: Nove anos de títulos no relvado valem muito pouco na bolsa

O Benfica completa mais um aniversário na bolsa nacional. São já nove anos no mercado português marcados pelas OPA, mas também por muitos títulos. O retorno para os accionistas é que continua sem aparecer.

Pedro Catarino
22 de Maio de 2016 às 10:00
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Porto e Sporting já estavam em bolsa, mas só em 2007 é que os "encarnados" subiram ao relvado do mercado de capitais. Foi há nove anos que as acções vendidas em 2001 se estrearam em Lisboa, período em que a SAD do Benfica passou por uma OPA (e outra pretensa oferta), fortes subidas mas quedas ainda mais expressivas. Mesmo com um palmarés digno de nota no campo, nas acções o verde continua a ser derrotado pelo "vermelho". Para prejuízo dos muitos aficionados.

A subscrição das acções da SAD do Benfica foi realizada em Maio de 2001, no âmbito de um aumento de capital, mas os investidores apenas conseguiram começar a transaccionar os papéis em bolsa a 22 de Maio de 2007. Foi nesse dia, há nove anos, que foram admitidas à negociação na bolsa portuguesa as 15 milhões de acções da SAD, mas só 49% ficaram disponíveis para negociar no mercado, uma vez que 51% do capital continua nas mãos do clube. A que preço arrancaram? 6,00 euros.


Os títulos foram, originalmente, vendidos a 5,24 euros cada, para o público em geral, o que lhe garantia uma capitalização de 78,6 milhões de euros. Quem era sócio pagou menos: 4,98 euros. Mas tanto num caso como no outro são valores bem mais elevados do que os actuais: há perdas potenciais de quase 80%. As acções da SAD até têm vindo a ganhar valor nos últimos anos, mas não o suficiente para voltarem a marcar golos nas carteiras dos investidores. Sobem 3,65% este ano, para 1,078 euros, tendo valorizado 14,29% em 2015 e 8,33% em 2014, sendo que em 2013 tinham mais do que duplicado, após os mínimos. A capitalização bolsista actual está próxima dos 24 milhões de euros.


O Benfica ganhou o campeonato, pela terceira vez consecutiva. E tem feito negócios avultados com jogadores, puxando pelas contas, mas o desempenho das acções, apesar de positivo, é-o muito pouco. Melhor resultado teve em 2015, ano em que foi bicampeão. Mas o que fez disparar as acções foi o negócio milionário com a Nos. A SAD anunciou que chegou a acordo com a Nos para a transmissão dos direitos televisivos dos jogos e pela exclusividade da BTV por 400 milhões de euros. Resultado? As acções subiram, num só dia, 27,5%, puxando pelo desempenho no ano.


Foi uma subida expressiva, patrocinada pela baixa liquidez associada aos títulos das SAD. Mas não tanto quanto a loucura vivida com as acções do Benfica em Março de 2014, altura em que dia após dia, os títulos registavam ganhos de dois dígitos, levando as acções a mais do que triplicar no ano. Um desempenho tão extremo que a CMVM questionou a SAD sobre o motivo. Não havia. E a queda a que se assistiu daí em diante foi prova disso. Perder a final da Liga Europa também não ajudou, mas tinha animado os títulos em 2013, o ano em que as acções tiveram o melhor registo: 104,88%.


O Benfica perdeu o campeonato, a Taça de Portugal e o Chelsea tirou-lhe a Liga Europa das mãos, em quinze dias, mas a época desportiva que até aí tinha sido ao mais alto nível foi o motor da recuperação das acções que nos anos anteriores tinham afundado para mínimos. Tinham regressado à fasquia de um euro em Fevereiro de 2012, apesar da queda de 40% no conjunto do ano, e depois de em Setembro de 2011 terem tocado nos 32 cêntimos (ano em que os títulos afundaram 54%). Isto num período conturbado para o país como um todo: o resgate a Portugal, em Maio de 2011, fez mossa na bolsa. E os investidores não estavam com vontade de "ir à bola" com as acções. Um período negro para a Euronext Lisboa e para a SAD do Benfica que antes tinha começado a sentir alguma animação com as suas acções.


O número de acções dos encarnados negociado diariamente na bolsa de Lisboa estava a disparar, mas as acções não. Em 2010, o Benfica perdeu 40% do valor em bolsa, isto depois de ter somado 21% no ano anterior. E em 2008 tinha perdido 12,5% na ressaca de um primeiro ano em bolsa altamente agitado. É que a estreia do clube da Luz na bolsa de Lisboa ficou marcada por uma OPA. Em Junho, menos de um mês depois da estreia, a SAD foi alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) parcial de 3,50 euros por acção apresentada pela Metalgest, sociedade controlada pelo empresário Joe Berardo.


O empresário madeirense tentou comprar a SAD. E até houve rumores de que haveria mais interessados, a chamada "OPA chinesa" que nunca o chegou a acontecer. Depois da estreia, os títulos do Benfica afundaram, a OPA reanimou-os, mas o fracasso da oferta, já em Agosto de 2007, deixou os títulos novamente ao sabor das ordens de compra e de venda num "drible" entre sucessos e insucessos desportivos que foram agitando as acções mas nunca, até agora, permitiram aos investidores tirar retorno da aposta no clube do coração.

O palmarés do Benfica em futebol desde a estreia em bolsa:

Campeonatos nacionais

2009/2010, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016


Liga Europa – Vice-campeão

2012/2013 e 2013/2014


Taça de Portugal

2013/2014


Supertaça "Cândido de Oliveira"

2013/2014


Taça da Liga

2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016

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