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Acções do BCP afundam mais de 7% após "deterioração da margem" (act)
O CaixaBank BPI diz que os resultados do BCP ficaram acima do esperado ao nível do balanço, mas a deterioração da margem gera preocupações. As ações caem para mínimo de quase dois meses.
As ações do Banco Comercial Português estão em queda acentuada na bolsa portuguesa, reagindo em baixa aos resultados do primeiro semestre.
Após o fecho da sessão de segunda-feira, o banco anunciou que os lucros do primeiro semestre aumentaram para 169,8 milhões de euros, contra 150,6 milhões de euros no período homólogo.
As ações iniciaram a sessão em forte queda e acentuaram o sentimento negativo nas primeiras horas. Já desceram um máximo de 7,03% para 23,29 cêntimos, o que corresponde ao nível mais baixo desde 2 de abril. Seguem agora a descer 6,67% para 23,38 cêntimos, o que corta o ganho acumulado em 2019 para apenas 1,8% e a capitalização bolsista para 3,53 mil milhões de euros.
Numa análise aos resultados do banco liderado por Miguel Maya, o CaixaBank BPI diz que os números provocaram uma sensação mista, pois ficaram acima do esperado ao nível no balanço, mas a descida das margens é um "fator de preocupação".
"Os lucros ficaram em linha com o esperado, enquanto a evolução do [rácio de capital] CET1 foi superior ao previsto e a melhoria na qualidade dos ativos prosseguiu a bom ritmo", referem os analistas do BPI numa nota de "research" a que o Negócios teve acesso.
O CET1 situou-se nos 12,2%, o que representa uma melhoria de 52 pontos base face a junho de 2018. O NPE, indicador que agrupa os ativos de má qualidade, baixou 1,7 mil milhões de euros face a 30 de junho de 2018.
Pela negativa o CaixaBank BPI destaca a "deterioração da margem em Portugal no trimestre", que "é uma fonte de preocupações, considerando particularmente a deterioração do cenário para as taxas de juro ao longo dos próximos messe".
No segundo trimestre a margem financeira (diferença entre juros recebidos e juros pagos) da atividade em Portugal aumentou 3% face ao período homólogo, mas recuou 2% contra os três primeiros meses de 2019.
O JPMorgan, citado pela Bloomberg, também destaca pela negativa a evolução da margem financeira do BCP. "A fraca margem financeira em Portugal, em conjunto com as baixas taxas de juro por período mais prolongado podem pesar nas estimativas de resultados para 2020-2021", refere o banco norte-americano, que pela positiva destaca a redução do crédito malparado.
A taxa da margem financeira em Portugal baixou 10 pontos base, segundo o CaixaBankBPI penalizada pela taxa de juro mais reduzida dos empréstimos concedidos. No que diz respeito aos depósitos, a taxa oferecida no segundo trimestre estava 40 pontos base acima da Euribor a 3 meses, o que representa uma diminuição face à taxa média de todos os depósitos do banco (50 pontos base acima do indexante).
No que diz respeito às comissões, aumentaram 2% em termos homólogos e 5% face ao trimestre anterior.
O CaixaBank BPI tem uma recomendação "neutral" para as ações do BCP, com um preço-alvo de 34 cêntimos.
A pressionar as acções está também o aumento das apostas na queda das ações. De acordo com a Bloomberg, a Oceanwood aumentou a posição curta no capital do BCP em 7,41% para 175,3 milhões de ações. Detém agora 1,16% do capital do banco a descoberto.
(notícia atualizada às 11:06 com comentário do JPMorgan)