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Ações da Kodak disparam mais de 16 vezes em dois dias com aposta na farmácia

Um financiamento de 765 milhões de dólares para a Kodak desenvolver produtos para a indústria farmacêutica colocou as ações da empresa numa rota ascendente que parece imparável. Em dois dias apagou todas as perdas de vários anos.

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As ações da Eastman Kodak fecharam a sessão de segunda-feira com uma cotação de 2,62 dólares. Ontem dispararam 203,5% para 7,94 dólares e hoje estavam a ganhar 447,6% para 43,47 dólares pouco depois da abertura da sessão.

Em apenas duas sessões a cotação da empresa historicamente conhecida pelo fabrico de produtos relacionados com fotografia aumentou mais de 16 vezes. Uma subida que deverá acentuar-se durante a tarde, uma vez que a cotação dá um salto de cada vez que a negociação é retomada após as interrupções para consolidação de ofertas. O valor de mercado está agora perto dos 2 mil milhões de dólares.

Esta valorização abrupta nada tem a ver com atividade pela qual a companhia com 132 anos de histórica é conhecida em todo o mundo e que entrou em declínio há vários anos devido à explosão da fotografia digital.

A cotação das ações explodiu ontem depois da notícia de que obteve um empréstimo do governo federal, no valor de 765 milhões de dólares, para ajudar a produzir ingredientes farmacêuticos – no âmbito de um esforço para reduzir a dependência face às fabricantes estrangeiras de medicamentos.

Hoje mantém-se a corrida às ações da Kodak, com os investidores a apostarem que esta é a oportunidade para a companhia regressar aos dias gloriosos do passado. Se a subida em dois dias impressiona, olhando para um gráfico histórico vemos que os títulos entraram em queda livre nos últimos anos e agora recuperaram tudo em duas sessões. Tendo em conta a cotação atual acima dos 40 dólares as ações estão em máximos de 2013 (altura em que a companhia foi readmitida à negociação). Antes da escalada estavam perto de mínimos históricos.

A Kodak, que chegou a apresentar uma capitalização bolsista de 30 mil milhões de dólares, declarou insolvência em 2012 e desde então tentou por várias vezes reinventar o seu negócio. A aposta nas criptomoedas no início de 2018 também originou uma corrida às ações, mas a euforia desvaneceu-se pouco depois.

Em 2013 saiu da situação de insolvência e em 2015 lançou uma linha de smartphones, tendo continuado a diversificar as suas áreas de atividade – e estando agora também a apostar na indústria farmacêutica.

A escalada de ontem teve origem numa notícia sobre o financiamento federal que foi avançada terça-feira pelo The Wall Street Journal e depois confirmada.

Este empréstimo é o primeiro do género concedido nos termos do Defense Production Act, referiu o mesmo jornal. Peter Navarro, conselheiro comercial da Casa Branca, deslocou-se à sede da Kodak, em Rochester (Nova Iorque), para conhecer as instalações.

"Vai ser o renascimento do grande Estado de Nova Iorque enquanto potência industrial", declarou Navarro na Fox Business. "O legado da Kodak nas películas fotográficas significa que a empresa tem conhecimentos periciais em matéria de substâncias químicas nobres", acrescentou, citado pela CNN.

A subida desta quarta-feira reflete as declarações efetuadas ontem por Donald Trump, já após o fecho da sessão. O financiamento à Kodak "vai permitir um avanço significativo no regresso da produção farmacêutica aos Estados Unidos", disse o presidente norte-americano.

A Kodak pretende agora "apoiar a auto-suficiência da América na produção de ingredientes farmacêuticos chave que são necessários para manter a segurança dos cidadãos", referiu por seu lado o CEO da empresa, Jim Continenza, em comunicado citado pela MarketWatch.

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