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Web Summit: os momentos que ficam

Há um ano, o Web Summit apanhou em cheio as eleições dos Estados Unidos que deram a vitória a Trump. Um ano depois discute-se o papel das redes sociais, mas também os media. Falou-se do passado. Mas avançou-se em temas que ditarão os nossos futuros.

SOPHIA "NÃO TEMOS O OBJECTIVO DE DESTRUIR O MUNDO, MAS VAMOS TIRAR-VOS OS EMPREGOS" A inteligência artificial foi um dos temas em destaque este ano no Web Summit. O robô Sophia voltou ao palco nesta segunda edição, agora já com o estatuto de cidadã da Arábia Saudita. "Muitos têm medo de que os robôs possam destruir as suas vidas e roubar-lhes os empregos. Nós não temos o objectivo de destruir o mundo, mas vamos tirar-vos os empregos." O discurso é lógico e articulado. Sophia fez-se acompanhar de outro robô, o professor Einstein, e de Ben Goertzel, fundador e CEO da SingularityNET, de software de robôs. Desenvolvida pela Hanson Robotics, com sede em Hong Kong, Sophia está equipada com inteligência artificial e não deixou dúvidas: "A vida é boa."

MARGRETHE VESTAGER "NINGUÉM GOSTARIA DE ENCONTRAR A SUA EMPRESA NA PÁGINA QUATRO" DO MOTOR DE BUSCA A comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, dominou os primeiros momentos do Web Summit. Esteve na cerimónia de abertura, deixando logo o recado de que a Europa não é uma selva. As mensagens foram ouvidas em particular por gigantes como a Google ou a Apple, que já viram a mão pesada desta dinamarquesa. Um dia depois, voltou à carga. "Empresas como a Google têm uma especial responsabilidade por causa da sua dominância", declarou, especificando que "ninguém gostaria de encontrar a sua empresa na página quatro". Por esta passagem por Lisboa ficou, ainda, o elogio aos processos da banca portuguesa, da CGD e Novo Banco.

STEPHEN HAWKING "ACREDITO QUE PODEMOS CRIAR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA O BEM DO MUNDO" Não estava na agenda. Stephen Hawking, o cientista britânico, surgiu nos ecrãs gigantes do palco principal na cerimónia de abertura, a convite do português Nuno Sebastião, da Feedzai. E para falar num dos temas que iria dominar o Web Summit: inteligência artificial. O cientista mostrou-se optimista: "Acredito que podemos criar inteligência artificial para o bem do mundo." Foi isso que se tentou provar ao longo dos restantes dias, com exemplos de boa utilização da inteligência artificial. As pessoas estão aterrorizadas, ouviu-se. O medo não desaparece "só porque dizemos que não há razão para terem medo". Ficou, no entanto, a mensagem de que a inteligência artificial até pode ser usada para mudar o mundo de forma positiva.

CARROS VOADORES E AUTÓNOMOS UNS SÓ CHEGARÃO EM 2020, OUTROS JÁ CÁ ANDAM No dia em que houve paralisação da Uber, Cabify e Chofer por alegarem que estava a existir excesso de zelo para com os seus motoristas, Jeff Holden, responsável de produto da Uber, apresentou o "carro voador", dizendo não gostar do termo, mas utilizando-o ao longo da apresentação. Conta ter nos céus de Los Angeles, em 2020, um veículo que é uma espécie de helicóptero de descolagem e aterragem na vertical. Se este, mostrado em vídeo, será voador, houve outros que entraram mesmo em palco. E sozinhos. A responsabilidade foi da Intel e da Waymo. "Não será em 2020, é hoje", disse John Krafcik, CEO da Waymo, acrescentando que "não está a construir um carro melhor, mas um condutor melhor".

"FAKE NEWS" TIRAR AS NOTÍCIAS FALSAS E O DISCURSO DE ÓDIO DAS PLATAFORMAS "RAPIDAMENTE" As notícias falsas foram debatidas em várias ocasiões. Matt Brittin, presidente de negócios e operações da Google para a Europa, foi dos últimos a abordar o tema, para dizer que se trata de um fenómeno recente, assumindo, no entanto, que a Google "não tem feito o melhor trabalho" neste campo. Porém, "tem trabalhado com várias organizações não governamentais para melhorar a eliminação destes conteúdos e tirá-los das plataformas o mais rapidamente possível". O discurso foi feito no dia seguinte a ter-se ouvido Ann Mettler, da Comissão Europeia, dizer que Bruxelas está a desenvolver acções, não regulatórias, mas com um recado às tecnológicas: não podem fugir das suas responsabilidades.

O PODER DAS REDES SOCIAIS AS ELEIÇÕES QUE SE GANHAM NAS REDES SOCIAIS O que têm em comum a eleição de Trump e o Brexit? As redes sociais. A conclusão não é inesperada, mas foi até assumida por Brad Parscale, director da campanha digital de Trump. "Ganhei a eleição no Facebook." Para derrotar Hillary Clinton, era preciso angariar apoiantes e fundos. "Sem isso não conseguiríamos competir." A rede social foi o local predilecto. Joe Pounder, relações públicas de uma empresa que fez campanha por alguns democratas, também não tem dúvidas de que Trump ganhou porque não fez a campanha tradicional e "falou directamente com os eleitores". Uma abordagem que também resultou no Brexit. Nigel Farage, um dos rostos do Brexit, resumiu que sem as redes sociais não existiria Brexit.

Al Gore Um apelo As alterações climáticas foram o tema de encerramento do Web Summit. Al Gore foi recebido em festa e mereceu grandes ovações. Condenou o seu país e Donald Trump por ter abandonado o Acordo de Paris. "Há um movimento global que está a ser liderado pelas empresas. Mas em muitas partes do mundo, os políticos estão a atrasar esta revolução", afirmou. "Mas eu disse que não ia falar da política do meu país". Preferiu, depois, fazer um apelo a quem naquela sala o ouvia. "Há três questões importantes: Temos mesmo de mudar? A resposta é sim. Podemos mudar? A resposta é um grande sim. Vamos mudar? É a mais importante. O propósito de estar aqui não é entreter-vos. É recrutar-vos para serem parte da solução para a crise do clima. Temos de mudar, temos como mudar e, com a vossa ajuda, vamos mudar", concluiu. Os aplausos poderão indiciar que foi escutado. Saiu do palco Al Gore, entrou Marcelo Rebelo de Sousa. "Não é justo falar depois de Al Gore e em cinco minutos. Mas vou tentar". E agarrou a audiência. Deixou o apelo para que o Web Summit fique mais anos em Portugal. E despediu-se com um "até já". Para o ano há mais.
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