Notícia
A Internet precisa de conserto?
Muitos temas passaram pelo Web Summit que começou com o fundador da web a dizer que a internet precisa de conserto. E durante estes dias falou-se dos perigos que a rede encerra, mas também do que a tecnologia tem permitido. Mas houve mais no Web Summit.
Marcelo Rebelo de Sousa
"Cada ano do Web Summit tem de ser melhor e diferente do anterior. E temos de criar uma plataforma digital permanente em Lisboa, em Portugal. (...) A tecnologia tem de servir as comunidades e aproximar as pessoas."
Contrato para salvar a web, que não foi desenhada para o que se está a passar
Logo no arranque do Web Summit, o mote ficou dado. Tim Berners-Lee, fundador da web, deixou o pedido para empresas, governos e cidadãos assinarem o contrato para salvar a web, ou como revelou "consertar" a web. Que, no entender do responsável, precisa de conserto. Uma mensagem que acabou por contagiar o resto da cimeira. E se houve conclusão destes dias de debate é que a internet precisa de conserto, mas, como disse Raffi Krikorian, director do gabinete informática do partido democrata norte-americano (DNC), "é um problema humano, e não de algoritmos", até porque, acrescentou, não foi desenhada para o que se está a passar.
Eleições intercalares e efeito Trump numa cimeira onde se fala de "fake news"
Já na edição de 2017, o tema tinha sido dominante. As "fake news" estão por todo o lado, e no Web Summit fala-se delas para dar reprimendas às redes sociais. "Estou optimista de que a utilização das redes sociais vai evoluir, e a sociedade ainda se vai adaptar e utilizá-las melhor", atenuou Ev Williams, fundador do Twitter. Sempre que o tema são "fake news", Trump vem à baila, ainda mais com eleições intercalares nos EUA a acontecer nesta altura. Eleições que mereceram uma análise do ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que leu nos resultados uma divisão profunda da sociedade americana. E face ao que se tem passado, os comissários europeus aproveitaram para alertar para o que se pode passar nas eleições europeias de Maio.
Paddy vem viver para Portugal e vai expandir "dramaticamente" os escritórios
O Web Summit fica em Lisboa mais 10 anos e o CEO da empresa que organiza o evento, Paddy Cosgrave, muda-se também. Em conferência de imprensa partilhou que se deve mudar para Lisboa em breve. "Penso que a decisão está tomada", disse Paddy Cosgrave, salientando que, nos próximos anos, "vamos passar cá muito tempo". Por isso, o compromisso deixado é também o de "expandir os nossos escritórios dramaticamente". "Estamos muito entusiasmados com a certeza dos dez anos", disse Paddy, lembrando, no entanto, as limitações de espaço, contando com o compromisso assumido pelo Governo de melhorar as condições. Não revelando planos para o futuro, deixou, no entanto, a sugestão: "devia ser feita" a Wine Summit.
A internet é um local perigoso. Pede-se regulação
O tiro ao Facebook foi feito, de forma firme, por Christopher Wylie, ex-director da Cambridge Analytica, que denunciou a utilização por parte desta entidade de dados pessoais de utilizadores do Facebook para fins políticos. "O Facebook tem tanto poder ao seu dispor, que estão a fazer um clone digital da nossa sociedade". Foi um dos que no palco do Web Summit pediu regulação e até um código de ética para os engenheiros e para quem trabalha tecnologia. "Porque não podemos regular o código? (...) Precisamos de regras". Não foi o único a pedir regulação. Também o director informático do partido democrata norte-americano, Raffi Krikorian, pediu "regulação inteligente", até porque "a internet, neste momento, é um lugar muito perigoso".
Os dados pessoais são, como o nome indica, das pessoas
Depois de dados pessoais que estavam no Facebook e Google terem sido divulgados, a defesa da privacidade tomou conta do Web Summit. Para Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência, "os dados são minha propriedade, e tenho de poder controlar o que acontece com eles". A mesma defesa foi feita pela vice-presidente da Google, Tamar Yehoshua: "temos a responsabilidade de manter os dados pessoais seguros", mas, acrescentou, tem de haver um equilíbrio para que os consumidores não fiquem sem inovação. A esta mensagem, Vestager respondeu: "a Google foi um dos grandes inovadores, mas porque temos de pôr todas as esperanças futuras nas mãos de uma empresa? Temos de garantir um mercado aberto".
Sem ligação à internet, Sophia é apenas uma cara bonita
O robô Sophia voltou ao palco do Web Summit, ao lado do seu amigo Han, com o seu criador Ben Goertze a pedir que Sophia revelasse o que tem aprendido no campo das emoções, pedindo para expressar felicidade, tristeza e raiva. Foi, no entanto, sem qualquer emoção e mesmo sem voz que Sophia ficou, depois, na conferência de imprensa, por falhas de ligação à internet. A Altice prontificou-se a dizer que o problema de ligação não foi da sua responsabilidade. Ficou, pois, para a história o silêncio de Sophia que, como disse Goertze, sem net não passa de uma cara bonita. E sem riscos para a humanidade. O "roubo" dos empregos dos humanos pelos robôs voltou à baila. E aí Goertze tinha um conselho para dar: "Estudem inteligência artificial".
Alexandra Machado
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Ana Batalha Oliveira
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Pedro Curvelo
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Rita Atalaia
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Sara Ribeiro
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10 de Novembro de 2018 às 10:00