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Hotelaria preocupada com estada média em 2018

Os hoteleiros ouvidos pela AHP traçam um retrato positivo para o ano que aí vem. Ocupação, preço e retorno estão a subir. O mesmo não acontece com o número de noites que os hóspedes ficam nos hotéis. Nem o Verão conseguiu inverter a tendência.

Inês Gomes Lourenço/CM
18 de Dezembro de 2017 às 21:42
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Portugal vai ter 66 novos hotéis em 2018. A isto juntam-se 18 remodelações de unidades já existentes. Em ambos os casos, Lisboa pesa um terço do total. Eis um dos sinais de confiança dos hoteleiros no seu sector em 2018.

Outros sinais foram recolhidos pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) num inquérito aos associados. A clara maioria perspectiva melhorias na taxa de ocupação, nas receitas e no preço médio.
É possível medir graus: os empresários do Norte e Lisboa são os mais optimistas no que respeita à receita total e a um aumento do preço médio. Já dos Açores e do Alentejo vêm os mais confiantes na melhoria da taxa de ocupação.

Só quanto à estada média – o número médio de noites que um turista passa alojado no hotel – não há esse clima tão positivo. A maior fatia dos inquiridos antevê o mesmo nível de 2017. "Este é o indicador mais frágil", traça Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP.

Os hóspedes tendem a concentrar-se na categoria que representa uma estada entre duas e três noites. E não se prevê que tal venha a mudar em 2018. Ao contrário do que tem vindo a acontecer com a taxa de ocupação, o preço médio e o retorno por quarto.

Até Setembro, segundo os dados recolhidos pela AHP, os hotéis nacionais atingiram uma taxa de ocupação de 74%, a um preço médio de 90 euros. O retorno (conhecido como Revpar) foi de 66 euros por cada quarto. Lisboa, Porto e Madeira puxam a taxa de ocupação para cima. Já Estoril, Lisboa e Algarve têm o mesmo efeito no preço. Os estrangeiros representam seis em cada 10 hóspedes, vindos sobretudo de Espanha, França, Reino Unido e Alemanha.

Os indicadores tornam-se mais expressivos nos meses de Verão: a taxa de ocupação foi de 86%. Cada quarto custou, em média, 107 euros, retirando as unidades uma receita de 93 euros dos mesmos.

E a estada média, uma vez mais, foi o "calcanhar de Aquiles". Face a 2016, a estada média no Verão passado decresceu, para as 2,04 noites. Só Lisboa, onde os franceses se assumem agora como a principal procura, conseguiu contrariar esta tendência e ter a estada média a aumentar durante o período estival. Porquê? Eventos e festivais.

"É por isso que também defendemos, além de eventos, mais coisas para fazer em Lisboa", afirmou Cristina Siza Vieira. Até porque ficar alojado na cidade está a ficar mais caro, com uma subida de preço de 20% em termos homólogos.

Mas há outras preocupações nas agendas dos hoteleiros em 2018. Para 30% dos inquiridos, os custos com gás, água e electricidade garantem o primeiro lugar da lista. Segue-se a dependência dos operadores "online" na hora de os hóspedes realizarem as suas reservas. Apenas 6% crê que o Brexit [saída do Reino Unido da União Europeia] terá um impacto negativo na sua actividade.

A hotelaria parte para 2018 com um fim de ano composto. "Dezembro está claramente a ganhar folga", diz a responsável da AHP. Os níveis de reservas efectuados permitem antever subidas na época de Natal e "réveillon" face ao mesmo período de 2016, embora sem dados fechados.

Uma vez mais, os portugueses vão ser os grandes protagonistas quando se der a contagem decrescente para o novo ano. Depois, quando 2018 estiver em curso, os hoteleiros olham para os turistas americanos, chineses e brasileiros como as grandes oportunidades para melhorar o negócio.

AHP: faltam motivos para taxa no Porto

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) contestou esta segunda-feira, 18 de Dezembro, as justificações para a aplicação de uma taxa turística de dois euros no Porto.
"A nosso ver, não está sustentado", afirmou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, num encontro com jornalistas. A taxa deverá aplicar-se a partir de 1 de Março de 2018 a todos os hóspedes com mais de 13 anos, até um máximo de sete noites seguidas por pessoa.
Questionada sobre o valor da taxa, que é o dobro da aplicada em Lisboa, Siza Vieira considerou que "há uma falta de fundamentação económica e financeira" no Porto. Uma das preocupações é não perceber onde será aplicado o dinheiro.
"Em Lisboa sabe-se para onde vai o dinheiro", afirmou. Na capital, o valor tem servido para cobrir um conjunto de projectos na área do turismo, com uma estratégia de diversificação. São exemplo a construção de um miradouro no pilar da ponte 25 de Abril ou o financiamento da Eurovisão em Lisboa em 2018.
Cristina Siza Vieira recordou ainda que não está definido um sistema de cobrança desta taxa turística no Porto. "É um caminho que não tem o mesmo empenho da hotelaria que em Lisboa", advertiu. A AHP aguarda ainda o regulamento final.
A associação considera que este tipo de taxas não funciona, de forma efectiva, como um "regulador da procura". Numa altura em que o Porto quer afirmar-se como um destino de negócios, a responsável lembra ainda que a introdução deste tipo de taxas, aplicadas a cidadãos nacionais que tenham necessidade de se deslocar à Invicta, poderá ter um impacto negativo nesta dinâmica. A taxa turística não será aplicada a reservas que tenham sido feitas antes da sua entrada em vigor.

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