Notícia
Banco de Portugal: Crescimento do turismo não foi à custa de preços baixos
O banco central considera que a expansão do turismo não se baseou em preços baixos, mas na qualidade e segurança. Apesar do rápido crescimento, o Banco de Portugal considera que ainda há espaço para crescer mais.
Em sete anos, as exportações nominais de turismo duplicaram. Em Portugal, este sector cresceu muito acima do PIB e do sector a nível mundial. Contudo, essa expansão não foi baseada em preços baixos. Segundo o Banco de Portugal (BdP) - que analisa este tema no Boletim Económico de Dezembro, publicado esta terça-feira, 18 de Dezembro -, a competitividade do turismo deve-se a factores não-preço, ou seja, independentes dos preços.
"O dinamismo das exportações de turismo não é explicado pelos determinantes usuais deste tipo de comércio (procura externa e competitividade-preço), o que sugere um papel importante para factores de competitividade-não-preço [resíduo], incluindo um aumento relativo da percepção de Portugal como destino seguro e uma melhoria da qualidade dos serviços oferecidos", sintetiza o Banco de Portugal na análise aos determinantes do crescimento das exportações de turismo.
Segundo as contas do banco central, com base na procura externa de turismo e uma medida de competitividade-preço, "apenas cerca de 20%" do crescimento das exportações de turismo entre 2010 e 2017 se deveu aos preços baixos que são praticados em Portugal face a outros destinos turísticos. "Este indicador pretende medir o custo de serviços que um turista estrangeiro enfrenta em Portugal relativamente ao custo do mesmo cabaz de serviços em destinos turísticos concorrentes", explica o BdP.
Pelo contrário: comparando Portugal com Espanha, Grécia ou Itália entre 2010 e 2017, os preços em território nacional cresceram mais em termos percentuais. Porém, ressalve-se que o ponto de partida era inferior, ou seja, em 2010 os preços eram mais baixos em comparação com os outros países.
Assim, os números sugerem que "os desenvolvimentos na competitividade-preço não ajudam a explicar a evolução mais positiva das exportações portuguesas de turismo face à de outros países da Europa do Sul/Mediterrânea no período 2010-2017".
Ou seja, 80% da expansão do turismo deveu-se a outras variáveis, nomeadamente à melhoria da percepção da qualidade dos serviços e à maior segurança do país. Tal sugere que aumentou a percepção do "valor acrescentado dos serviços oferecidos pelos operadores turísticos nacionais". Uma ideia confirmada pela evolução da receita de exportação média por turista, em especial dos não residentes - esta receita cresceu 13,7% nos últimos dez anos.
Os números tratados pelo Banco de Portugal apontam para que a receita média por dormida de turistas não residentes em Portugal (332 euros) seja superior à registada em Espanha (268 euros), Grécia (199 euros) e Itália (288 euros).
Turismo em Portugal ainda tem margem de crescimento
Apesar de o crescimento dos últimos anos ser notável, o Banco de Portugal considera que ainda há margem de crescimento. A comparação internacional indica que, tanto ao nível de chegadas de turistas em percentagem da população como na despesa em turismo de não residentes em percentagem do PIB - indicadores da "intensidade" do turismo -, há margem para crescer.
A comparação internacional, nomeadamente com países como a Grécia, Malta, Croácia ou Chipre (ver gráfico), mostra isso mesmo. Em Portugal, as chegadas de turistas em percentagem da população atingem os 108,7%. Na Grécia representam 230%, em Malta 431%, na Croácia 331% e no Chipre 272%.
Já a despesa dos não residentes (engloba tudo o que são gastos de turismo, como a restauração, transportes, alojamento e comércio) representa 8,3% do PIB. No caso da Grécia corresponde a 12,1%, em Malta 18,1%, na Croácia 26,9% e no Chipre 13,7%. O Banco de Portugal estima que o peso do turismo no PIB atinja os 9,3% em 2021, superando os 20 mil milhões de euros.
Estes dados sugerem, por comparação internacional, que existe margem de crescimento das exportações de turismo acima da actividade económica nos próximos anos. Mas existem desafios, alerta o Banco de Portugal.
"Por um lado, a actividade turística tem uma elevada sensibilidade ao ciclo económico global, pelo que uma deterioração das perspectivas de crescimento mundial terá certamente impacto neste sector", assinala o banco central. "Por outro lado, a recuperação da actividade turística em destinos concorrentes, que competem essencialmente na vertente preço, também poderá afectar negativamente as exportações portuguesas de turismo", complementa.
Apesar disso, o BdP considera que existe "evidência de alterações estruturais" no sector do turismo em Portugal que "deverão continuar a sustentar um crescimento forte". Entre estas está a diversificação da proveniência de turistas estrangeiros, com a diminuição do peso do Reino Unido, Alemanha e Espanha. Portugal tem atraído mais franceses, brasileiros, norte-americanos, chineses e coreanos.
Outra das alterações "estruturais" é a maior distribuição geográfica dos turistas no território nacional. O Algarve e a Madeira - destinos de "sol e praia" - perderam peso para Lisboa, Norte e Centro. Isto estará ligado à menor sazonalidade do turismo em Portugal, com um reforço especialmente na Primavera, nos meses que precedem o Verão. A contínua melhoria destes dois indicadores ajudará a combater os "riscos de hostilidade" por parte dos habitantes locais, nota o BdP.
Além disso, do lado da oferta houve um aumento da capacidade de alojamento turístico - principalmente nos mais caros (hóteis) e nos mais baratos (alojamento local) - e uma maior presença de companhias aéreas de baixo custo no mercado português.
"A concorrência elevada que caracteriza este mercado torna fundamental continuar a apostar em factores de atractividade turística não centrados na competitividade-preço, nomeadamente num aumento da qualidade e valor acrescentado dos serviços oferecidos que contribuam para fidelizar os visitantes e para um aumento da receita média por turista", aconselha o Banco de Portugal.
"O dinamismo das exportações de turismo não é explicado pelos determinantes usuais deste tipo de comércio (procura externa e competitividade-preço), o que sugere um papel importante para factores de competitividade-não-preço [resíduo], incluindo um aumento relativo da percepção de Portugal como destino seguro e uma melhoria da qualidade dos serviços oferecidos", sintetiza o Banco de Portugal na análise aos determinantes do crescimento das exportações de turismo.
Segundo as contas do banco central, com base na procura externa de turismo e uma medida de competitividade-preço, "apenas cerca de 20%" do crescimento das exportações de turismo entre 2010 e 2017 se deveu aos preços baixos que são praticados em Portugal face a outros destinos turísticos. "Este indicador pretende medir o custo de serviços que um turista estrangeiro enfrenta em Portugal relativamente ao custo do mesmo cabaz de serviços em destinos turísticos concorrentes", explica o BdP.
Pelo contrário: comparando Portugal com Espanha, Grécia ou Itália entre 2010 e 2017, os preços em território nacional cresceram mais em termos percentuais. Porém, ressalve-se que o ponto de partida era inferior, ou seja, em 2010 os preços eram mais baixos em comparação com os outros países.
Assim, os números sugerem que "os desenvolvimentos na competitividade-preço não ajudam a explicar a evolução mais positiva das exportações portuguesas de turismo face à de outros países da Europa do Sul/Mediterrânea no período 2010-2017".
Ou seja, 80% da expansão do turismo deveu-se a outras variáveis, nomeadamente à melhoria da percepção da qualidade dos serviços e à maior segurança do país. Tal sugere que aumentou a percepção do "valor acrescentado dos serviços oferecidos pelos operadores turísticos nacionais". Uma ideia confirmada pela evolução da receita de exportação média por turista, em especial dos não residentes - esta receita cresceu 13,7% nos últimos dez anos.
Os números tratados pelo Banco de Portugal apontam para que a receita média por dormida de turistas não residentes em Portugal (332 euros) seja superior à registada em Espanha (268 euros), Grécia (199 euros) e Itália (288 euros).
Turismo em Portugal ainda tem margem de crescimento
Apesar de o crescimento dos últimos anos ser notável, o Banco de Portugal considera que ainda há margem de crescimento. A comparação internacional indica que, tanto ao nível de chegadas de turistas em percentagem da população como na despesa em turismo de não residentes em percentagem do PIB - indicadores da "intensidade" do turismo -, há margem para crescer.
A comparação internacional, nomeadamente com países como a Grécia, Malta, Croácia ou Chipre (ver gráfico), mostra isso mesmo. Em Portugal, as chegadas de turistas em percentagem da população atingem os 108,7%. Na Grécia representam 230%, em Malta 431%, na Croácia 331% e no Chipre 272%.
Já a despesa dos não residentes (engloba tudo o que são gastos de turismo, como a restauração, transportes, alojamento e comércio) representa 8,3% do PIB. No caso da Grécia corresponde a 12,1%, em Malta 18,1%, na Croácia 26,9% e no Chipre 13,7%. O Banco de Portugal estima que o peso do turismo no PIB atinja os 9,3% em 2021, superando os 20 mil milhões de euros.
Estes dados sugerem, por comparação internacional, que existe margem de crescimento das exportações de turismo acima da actividade económica nos próximos anos. Mas existem desafios, alerta o Banco de Portugal.
"Por um lado, a actividade turística tem uma elevada sensibilidade ao ciclo económico global, pelo que uma deterioração das perspectivas de crescimento mundial terá certamente impacto neste sector", assinala o banco central. "Por outro lado, a recuperação da actividade turística em destinos concorrentes, que competem essencialmente na vertente preço, também poderá afectar negativamente as exportações portuguesas de turismo", complementa.
Apesar disso, o BdP considera que existe "evidência de alterações estruturais" no sector do turismo em Portugal que "deverão continuar a sustentar um crescimento forte". Entre estas está a diversificação da proveniência de turistas estrangeiros, com a diminuição do peso do Reino Unido, Alemanha e Espanha. Portugal tem atraído mais franceses, brasileiros, norte-americanos, chineses e coreanos.
Outra das alterações "estruturais" é a maior distribuição geográfica dos turistas no território nacional. O Algarve e a Madeira - destinos de "sol e praia" - perderam peso para Lisboa, Norte e Centro. Isto estará ligado à menor sazonalidade do turismo em Portugal, com um reforço especialmente na Primavera, nos meses que precedem o Verão. A contínua melhoria destes dois indicadores ajudará a combater os "riscos de hostilidade" por parte dos habitantes locais, nota o BdP.
"A concorrência elevada que caracteriza este mercado torna fundamental continuar a apostar em factores de atractividade turística não centrados na competitividade-preço, nomeadamente num aumento da qualidade e valor acrescentado dos serviços oferecidos que contribuam para fidelizar os visitantes e para um aumento da receita média por turista", aconselha o Banco de Portugal.