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Angela Gulbenkian detida em Portugal

Negociadora de arte faltou a sessões em tribunal no Reino Unido e acabou por ser alvo de um mandado de detenção europeu. Foi detida esta terça-feira em Portugal. Está em prisão preventiva e será agora extraditada.

Bruno Simão
17 de Junho de 2020 às 20:15
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Angela Gulbenkian, a negociadora de arte acusada de burla no Reino Unido, foi detida em Portugal na passada terça-feira, 16 de junho. A detenção, "no âmbito de um mandado de detenção europeu", foi confirmada ao Negócios pela Procuradoria-Geral da República.

Angela Gulbenkian terá vendido uma escultura por 1,2 milhões de euros mas nunca chegou a entregar a obra de arte ao novo dono. A alemã será agora extraditada para o Reino Unido, onde terá que responder à Justiça, a que procurou fugir durante os últimos meses, faltando a diferentes sessões em tribunal.


Em comunicado, a Polícia Judiciária confirmou ter detido uma mulher de 38 anos, "negociante em obras de arte, suspeita da prática do crime de burla no valor de milhares de euros". Angela Gulbenkian foi presente ao Tribunal da Relação de Lisboa e encontra-se agora em prisão preventiva até ser concluído o processo de extradição para o Reino Unido.


Casada com um sobrinho-bisneto de Calouste Gulbenkian, esta negociadora de arte é também acusada de usar indevidamente o nome da Fundação Calouste Gulbenkian para proveito nos próprios negócios, embora tenha sempre negado querer aproveitar-se do apelido do marido Duarte em todas as entrevistas que deu, inclusive ao Negócios em 2017. Também a Fundação Calouste Gulbenkian sempre fez questão de se demarcar desta familiar (embora por afinidade) do fundador.


Em fevereiro passado, a justiça britânica acabou por emitir um novo mandado de detenção, após Angela Gulbenkian ter faltado às sessões em tribunal. Em causa está o alegado desvio de 1,2 milhões de euros pagos por uma escultura, em forma de abóbora, da artista japonesa Yayoi Kusama. Era precisamente essa obra de arte que Angela Gulbenkian se proponha instalar nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa em caso de uma eventual parceria com a instituição.


O caso foi denunciado pelo Negócios, através do advogado Christopher Marinello. Especializado na recuperação de obras de arte, Marinello contou que um cliente a viver em Hong Kong, o francês Mathieu Ticolat, teria sido lesado pela negociadora e colecionadora de arte.


A documentação, a que o Negócios teve acesso, mostrava que Angela Gulbenkian tinha recebido o valor da escultura mas que nunca fez chegar a obra de arte ao novo dono. Outra documentação mostra ainda o uso indevido do nome da Fundação Calouste Gulbenkian, com recurso a nomes e "e-mails" falsos. Pode recuperar toda a história, aqui. Já Angela Gulbenkian, através de diferentes escritórios de advogados, negou sempre todas as acusações.


O caso da escultura em forma de abóbora não é o único a envolver esta alemã. No início deste ano, deu entrada um novo processo contra Angela Gulbenkian, por parte de um colecionador britânico. Este último acusa a alemã de o ter burlado com a venda da obra "Queen Elizabeth II" de Andy Warhol por 115 mil libras em março de 2019.

(Notícia atualizada às 20:46 com mais informação e contexto do caso)

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