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Portos de Lisboa, Setúbal e Leixões vão seguir Sines nas portagens a comboios, diz Medway
Os operadores ferroviários de mercadorias estão contra a introdução de uma portagem a cada comboio que entre no porto de Sines enquanto não for cobrada qualquer taxa ao transporte rodoviário. Acreditam que outros portos só estão à espera que a medida seja aprovada para também a aplicarem.
O presidente do conselho de administração da Medway, Carlos Vasconcelos, afirmou esta quarta-feira no Parlamento que os portos de Lisboa, de Setúbal e de Leixões só estão à espera que seja aprovada a introdução de uma "portagem" para os comboios que entram no porto de Sines "para aplicarem idêntica medida".
Uma preocupação que também Álvaro Fonseca, diretor-geral da Takargo, salientou aos deputados. "Preocupa-nos que isto seja o princípio de uma politica que depois se generalize aos portos nacionais".
É que, disse, "aí a distância e a disponibilidade de meios faz com que seja muito mais fácil a migração e vamos perder quota modal. Vamos ter muito mais camiões na estrada e ter uma política contrária aos milhões que estamos a investir na infraestrutura ferroviária".
"Vemos este tema como relevante, sobretudo pela política seguida e pelo que pode significar como práticas também para outros portos a nível nacional e de tarifação que pode surgir para a ferrovia", acrescentou ainda Álvaro Fonseca.
Na audição parlamentar sobre a intenção do porto de Sines de passar a cobrar uma taxa de 158 euros à entrada de cada comboio, Carlos Vasconcelos lamentou que a taxa de uso para a ferrovia tenha um aumento de 24% enquanto as portagens descem 30%, considerando que "o país é um bocado esquizofrénico" quando o que se pretende é incentivar a transferência do transporte rodoviário para o ferroviário por questões de sustentabilidade ambiental.
Em seu entender, a criação desta "portagem" em Sines afeta "a competitividade da ferrovia", sendo que "Espanha vai no quarto ano de congelamento da taxa de uso" e em Portugal a taxa é 10 vezes superior à espanhola.
"Introduzir medidas destas em Sines vai afetar as exportações", alertou, assegurando que os operadores ferroviários de mercadorias não têm capacidade de absorver esses custos e "temos de repercutir nos clientes".
Carlos Vasconcelos lamentou também que, ao contrário dos comboios, todos os camiões que levam contentores para o terminal XXI não sejam sujeitos a pagamento de "portagem" e frisou que "no plano do porto de Sines está previsto um investimento 5 milhões para reabilitação dos acessos rodoviários, mas não está prevista receita para cobrir esses 5 milhões".
O presidente da Medway afirmou ainda que, na sequência dos alertas feitos, do Governo "tivemos um boa recetividade na altura, de que iam estudar o assunto, mas não sei o que foi feito". Já com a Administração do Porto de Sines (APS) "não tem havido diálogo".
"Já recebemos a proposta da APS para nos pronunciarmos. O que vamos dizer é que nos opomos a qualquer taxa para a ferrovia enquanto a rodovia continuar sem qualquer taxa", disse ainda aos deputados. Também a Takargo se vai pronunicar contra.
De acordo com Álvaro Fonseca, depois da primeira proposta da APS para que a taxa fosse de 158 euros por comboio, que levou a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes a intervir, a APS comunicou-lhes na semana passada uma revisão da proposta de taxa para os 95,5 euros.