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Estivadores: "Estamos com salários em atraso e Governo vai-nos obrigar a trabalhar"

O presidente do Sindicato dos Estivadores garante que há discriminação salarial aos trabalhadores filiados e acusa as autoridades oficiais de estarem a branquear o impacto da greve ao trabalho suplementar que está marcada até 1 de Janeiro de 2019.

David Martins/Jornal de Negócios
03 de Outubro de 2018 às 12:22
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O presidente do Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL), António Mariano, disse esta quarta-feira no Parlamento que os trabalhadores portuários de Lisboa - o único dos oito portos em que foi declarada greve ao trabalho suplementar onde há serviços mínimos declarados por despacho dos ministérios do Mar e do Trabalho - estão a realizar trabalho suplementar "mas não o vão receber".

Na audição na comissão do Trabalho e Segurança Social, António Mariano disse que, em Lisboa, os estivadores "são obrigados a trabalhar ao sábado, o que é algo dispensável", mas receberam já uma "notificação que não vão receber o salário todo".

"Estamos com salários em atraso e o Governo vai-nos obrigar a trabalhar", afirmou o dirigente do SEAL, chamado ao Parlamento no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda, que quer ouvir ainda, sobre as acusações de discriminação feitas por aquele sindicato, as empresas de trabalho portuário, as administrações portuárias e a Autoridade para as Condições de Trabalho.

O SEAL tem marcada até 1 de Janeiro de 2019 uma greve ao trabalho suplementar, que já se iniciou há dois meses. António Mariano acusou as autoridades oficiais de "branqueamento" do impacto da greve apesar de ter "informação dos clientes e armadores a dizer que estão sofrer prejuízos da ordem de milhares ou milhões de euros", garantiu.


O responsável assegurou ainda que não está em causa a carga para as regiões autónomas. "Nós não queremos dificultar o abastecimento das ilhas, nem esta greve o ia fazer", afirmou.


António Mariano salientou aos deputados "a completa discriminação e assédio continuado a que são sujeitos os associados do SEAL", nos portos do Caniçal, na Madeira, e em Leixões.


Na Madeira, os trabalhadores que se filiaram viram os seus "rendimentos caírem para metade", disse o dirigente, considerando o sistema de trabalho na região uma "aberração" porque "por cada turno que trabalham recebem 55 euros, por cada que não trabalham retiram-lhes estes 55 euros".

António Mariano acusou ainda as empresas portuárias da Madeira de, "como forma de discriminar os nossos associados, introduzirem mecânicos, electricistas e outras profissões de empresas de que também são sócios".


"Ontem, os trabalhadores receberam uma carta a declarar que a greve a decorrer nos oito portos é ilegal e as suas ausências para participarem em plenários também é ilegal. É mais uma forma de coacção", afirmou, salientando que também em Lisboa os estivadores já foram informados que "por cada plenário em que não estejam presentes apanham falta injustificada".


Também em Leixões, António Mariano explicou que a situação tem contornos semelhantes ao Caniçal. No caso destes trabalhadores, disse, "a partir do momento em que se filiaram no SEAL, os seus salários baixaram para metade. Recebiam 1.300 ou 1.400 euros, passaram a não fazer trabalho suplementar e a ganhar 700 euros".

"Em Leixões, como forma de discriminação pela via salarial, como forma de tirar capacidades reivindicativas, os trabalhadores são penalizados por se filiarem no SEAL. Se se filiarem são perseguidos", afirmou António Mariano, garantindo que "estão a ser admitidos precários às dezenas".

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